quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Saga do Padrinho

     Assistindo "O Poderoso Chefão" (The Godfather, 1972) nos dias de hoje é muito difícil imaginar que um filme tão brilhante tenha passado por um processo de criação tão conturbado. Os executivos da Paramount interferiram em todos os aspectos da produção, fazendo com que o diretor e co-autor do roteiro Francis Ford Coppola tivesse que brigar para fazer prevalecer suas opções artísticas. Esses mesmos executivos queriam que o filme se passasse nos anos 70, diferente do livro de Mario Puzzo ( e também autor do roteiro ao lado de Coppola) que originou o longa e se passava durante as décadas de 40 e 50, não aprovaram a contratação do novato Al Pacino e restringiram o orçamento somente para citar alguns exemplos.
     "O Padrinho", como eu prefiro chamar o filme, conta a história de Don Vito Corleone (Marlon Brando, perfeito) chefe de uma "família" mafiosa que possuí negócios ilícitos ligados à exploração do jogo e que presta favores a seus "afilhados" em troca de amizade e da retribuição dos favores se necessário. Quando Don Corleone se nega a financiar um traficante de drogas sofre um atentado contra sua vida e cabe a seus filhos Sonny (James Caan), Fredo (John Cazale), Michael ( Al Pacino) e adotivo Tom Hagen (Robert Duvall)  cuidar dos negócios.
      O roteiro escrito por Puzzo e Coppola compara as organizações mafiosas com grandes empresas e tece dessa maneira uma crítica ao capitalismo selvagem, sendo nesse aspecto extremamente significativa a cena em que os chefes das "famílias" se reúnem para discutir uma trégua e selar novos acordos. A vida pessoal dos Corleone também é enfatizada mostrando suas celebrações e suas perdas. O melhor do filme está na transformação pela qual o personagem Michael Corleone passa pois diante da saúde debilitada de seu pai e da incapacidade dos irmãos mais velhos acaba se tornando o "Don", quando seus planos para o futuro eram bem diferentes de encabeçar uma organização criminosa.
     O elenco conta com atores talentosos ( Richard Conte, Morgana King, Diane Keaton, Sterling Hayden etc), a música de Nino Rota cria o clima certo, os diálogos são marcantes, a produção e o figurino impecáveis e o resultado é um filme épico que considero o melhor de todos os tempos não apenas por suas qualidades técnicas mas também pela história criativa e seus personagens cativantes.

CONTINUA...

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