quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Deckard, Afinal...


     Acredito que o poder de qualquer manifestação artística esteja no modo como o público a recebe, cada um interpretando de acordo com sua subjetividade, e como ela resiste ao teste do tempo. Muitas obras só são compreendidas depois de muitos anos de sua criação e mesmo depois de muito tempo tendem a gerar novas discussões em torno das motivações dos artistas responsáveis pelas suas criações. Pensando nisso resolvi escrever sobre um dos melhores filmes de todos os tempos ,não só pelas suas abundantes qualidades mas também pelas inúmeras discussões a respeito da "natureza" do personagem principal Rick Deckard, trata-se do clássico de 1982 dirigido por Ridley Scott "Blade Runner".
     O filme se passa em futuro caótico e poluído e é ambientado na cidade de Los Angeles no ano de 2019. Nesse futuro as máquinas se tornaram tão inteligentes que desenvolveram a capacidade de pensar por si próprias e são utilizadas para trabalhos nas colônias extraterrestres, com forma humana os chamados replicantes as vezes dão problemas e cabe aos blade runners cuidar de sua eliminação. Rick Deckard (Harrison Ford) um blade runner aposentado recebe a função de eliminar 4 replicantes de última geração que fugiram após um motim e estão no planeta Terra em busca de seu criador Eldon Tyrell (Joe Turkell) para pedir-lhe mais longevidade já que suas vidas estão programadas para apenas 4 anos. 
     Antes de iniciar sua caçada Deckard deve testar um  modelo de robô para aprender a identificar os padrões dos novos replicantes, é assim que ele conhece Rachel (Sean Young) uma andróide que possuí memórias e desconhece sua gênese mecânica. Ao longo de sua missão o blade runner enfrenta suas vítimas e também se apaixona por Rachel fato este que gera nele diversas dúvidas.
     Com um visual espetacular, uma trilha sonora marcante do grego Vangelis, um ótimo elenco,uma direção competente e uma história excelente história adaptada do livro "Do Androids Dream Of Eletric Sheep?" escritor Philip K. Dick ( entretando o filme é melhor que o livro) a obra "hipnotiza" o espectador com seus questionamentos existenciais. Os andróides buscam uma identidade, uma vida e esse contexto cria cenas belíssimas como Rachel se refugiando no apartamento de Deckard e Roy Batty (Rutger Hauer) na chuva valorizando a vida alheia acima de tudo e citando uma das mais belas frases da história do cinema.
     A grande dúvida do filme, que surgiu devido ao lançamento da versão do diretor em 1992 ( e posteriores relançamentos com cenas inéditas ou retiradas da versão original) , é se Rick Deckard era também um andróide. Diversas cenas baseiam teorias tantos dos que acreditam nessa hipótese quanto dos que não acreditam. Quando lançado "Blade Runner" foi um fracasso de bilheteria mas hoje em dia é cultuado por milhões de fãs no mundo todo que aos poucos foram descobrindo o filme e a questão sobre a origem de Deckard persiste. Tenho minha opinião e convido meus queridos leitores a conhecerem a obra e tomar uma decisão por si mesmos porque é nisso que a arte se baseia, descobertas e discussões. Deckard, afinal...era um replicante? 

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