A Odisséia dos Cisnes

    

     A criação artística é algo que demanda um trabalho deveras complexo e árduo quando se almeja alcançar a perfeição. Em busca de excelentes resultados, muitos artistas se envolvem com os personagens e se entregam de corpo e alma seja no teatro, na dança ou no cinema. Em seu novo filme, "Cisne Negro" (Black Swan, 2011), o diretor Darren Aronofsky aborda esse tema ao mostrar a história de Nina Sayers ( atuação brilhante de Natalie Portman), uma bailarina que deve dar vida às gêmeas que protagonizam a obra "O Lago dos Cisnes".

     Nina tem 28 anos e vive com a mãe Erica (Barbara Hershey) uma ex-bailarina que se dedica  à carreira da filha,  Erica fracassou na carreira e projeta na filha sua culpa e suas esperanças, cerceando inclusive a  privacidade de sua rebenta. Sem expressividade e paixão mas com uma boa técnica Nina faz o teste para viver o Cisne Branco e o Cisne Negro em "O Lago dos Cisnes" e é aprovada, cabe ao diretor do espetáculo Thomas (Vincent Cassel) extrair dela os sentimentos necessários para que em sua interpretação ela execute as nuances dos dois personagens de maneira impecável. Aos poucos Nina passa a ter alucinações, aparecem machucados estranhos e ela se sente ameaçada por Lilly ( Mila Kunis) a nova bailarina da compania. Entretanto o que a bailarina descobrirá é que para compor seu trabalho sua maior adversária será ela mesma.

     Com uma história bem contada e que aborda temas como frustração, sexualidade reprimida, traições, obsessão e vaidade "Cisne Negro" também conta com um excelente elenco e ótimas coreografias de ballet sobretudo na bela e fantástica cena final onde Nina atinge o limite extremo entre sanidade e loucura para interpretar os personagens de uma maneira pura e única.

Linear Notes-Malhação

     Desde 1994 (ou 1995 ou 1996, whatever) os finais de tarde da Rede Globo são preenchidos com capítulos de uma saga interminável, porém com o elenco renovado a cada temporada, da novelinha adolescente chamada "Malhação". No começo até que era legal e tinha um frescor originalidade, mas já na 2ª temporada a coisa desandou. Anjos, viagens no tempo,programas ao vivo e até Ronaldinho antes da pança protuberante preencheram os roteiros muito bem escritos. 

     O restante das histórias são preenchidos com tramas originais onde um mocinho galã conhece uma bela donzela, mas pela maldade  (representada por vilões que se "sobreviverem" à troca de elenco tendem a  ficar bonzinhos) que os espreita e assim mocinho e mocinha são condenados a ficar separados até que a temporada termine e nesse meio tempo muita coisa interessante acontece.

     Mortes, tramas macabras, moças grávidas, personagens caricatos e vários outros assuntos relevantes à juventude brasileira estão presentes nas histórias. Tudo feito de maneira espontânea e sem parecer forçado. O que também "engrandece" "Malhação" é a qualidade de seu elenco composto por jovens que não sabem atuar ou atores veteranos confinados à geladeira da emissora.

     Mas com todas essas qualidades e todo o desgaste da fórmula me pergunto o que mantém a boa audiência de um programa tão "inovador" e por que raios assisto esse programa todo dia (quando estou sem grana pra pagar a mensalidade da TV por assinatura, claro)? 

     "Rassudocando" sobre isso cheguei apenas à teorias, seria a inteligência do público adolescente na última década? A renovação do elenco? A direção competente do núcleo de Ricardo Whatever( não sei o real sobrenome dele)? 

     Depois de muito pensar e avaliar as supracitadas teorias só chego a uma conclusão e abaixo irei expor os argumentos que a fundamenta:

Linear Notes-Nip/Tuck...No rumo certo?

      Desde sua estréia a série Nip/Tuck  causou polêmica por seus enredos permeados de sexo, personagens bizarros, a falta de escrúpulos de seus personagens e diversos outros fatores que contribuíam para que o programa fosse inovador ao tratar de um tema tão comum nos dias de hoje: o mundo das cirurgias plásticas.

     A história gira em torno de 2 cirurgiões de Miami, são eles, Sean Mcnamara (Dylan Walsh) e Christian Troy (Julian Mcmahon) que além de lidar com seus peculiares clientes ainda tem que resolver diversos problemas familiares e com as diversas mulheres que os cercam. Trata-se de uma série que crítica o culto exacerbado à beleza estética ,o egocentrismo, o narcisismo e onde não importa quão rico o personagem seja ou o quanto uma plástica irá deixa-lo mais "bonito" se essa pessoa nada de interessante tiver a oferecer

     Sempre com roteiros bem escritos e personagens marcantes Nip/Tuck por vezes beira o surrealismo tamanha a criatividade de seus escritores. Infelizmente depois de 2 temporadas  muito boas a série sofreu uma visível queda de qualidade, da 3 até a 5ª temporada ( passada em Los Angeles depois que os médicos mudam para lá) os personagens ficaram perdidos e as histórias enfadonhas.

     Entretanto depois da estréia da 6ª temporada as esperanças foram renovadas devido à excelência dos 2 primeiros episódios. Com novos e interessantes personagens e contextualizada com a recente recessão ecônomica sofrida pelos EUA, Mcnamara e Troy enfrentaram graves problemas finaceiros, tem problemas com as antigas esposas e conhecem pessoas como Vivian, uma mulher que se excita vendo a desgraça alheia e Teddy a gananciosa namorada de Sean.

     Sem exageros e com a dose habitual de sarcasmo e acidez do roteiro a nova temporada parece renovar o interesse na série levando os personagens a rumos inesperados e extremamente interessantes.

  

O Sentido da Vida

          Se no post sobre Andy Kaufman eu questionava as motivações de um humorista é porque simplesmente não consigo conceber nada que seja engraçado. Por essa razão admiro quem escreve comédia de uma maneira engraçada e inteligente. Posso entender conceitos filosóficos e metafísicos entretanto não compreendo o modo como funciona a mente de alguém capaz de criar um trabalho burlesco. Sendo assim é normal que eu seja um fã do grupo inglês MONTY PYTHON, que em 1983 desenvolveu o filme "O Sentido da Vida", que mistura humor e filosofia para tentar responder a mais difícil de todas as perguntas (mesmo que Douglas Adams tenha escrito que a resposta seria "42" na saga "O Guia do Mochileiro das Galáxias") afinal, qual o sentido da vida?

     Depois de aloprar a história do Rei Arthur em "Monty Python Em Busca do Cálice Sagrado" e de Jesus Cristo em "A Vida de Brian" a quarta incursão cinematográfica do sexteto-composto por Graham Chapman, John Cleese, Eric Iddle, Michael Palin, Terry Jones e Terry Gilliam-  criou vários esquetes com o propósito de fazer rir, emocionar e nos fazer refletir sobre temas presentes na vida de todos desde o milagre do nascimento até a morte.

 Começando com um curta metragem (chato) sobre piratas da 3ª idade atacando um prédio, sede de uma empresa capitalista, o filme possuí o humor ácido, non sense e anárquico característico do grupo além de números musicais bacanas e como de costume diversas seqüências animadas surrealistas feitas por Terry Gilliam. A usual versatilidade dos membros do Monty Python está presente e eles se fantasiam desde peixes em um aquário, mulheres, passando por um gordo repulsivo e pessoas muito esquisitas na cena da procura do peixe, somente para citar alguns exemplos.

     Religião, Ciência e Filosofia estão presentes no filme com o propósito de responder a questão que há séculos está presente nas mentes de diversos pensadores e ao final do longa tal questão não é elucidada mas concluímos que o importante é ter uma boa vida com saúde,compreensão, tolerância e junto das pessoas que amamos. Acredito que não devemos perder tempo e deixar a vida passar pensando nisso por mais interessante e intrigante que seja essa questão... mas será que um dia alguém será capaz de responde-la?

A Saga do Padrinho- As Seqüências

Parte II-A Ascensão da Família Corleone

     Em 1974, foi lançado "O Poderoso Chefão-Parte II", filme que além de dar continuidade à história de Michael Corleone (Al Pacino) também conta a origem de seu pai, Vito Andolinni, desde de sua infância trágica na Sicília até seus primeiros passos no mundo do crime.  

     A história dessa seqüência tem início na Sicília com o velório de Antonio Andollini, pai de Vito, essa morte desencadeia uma série de eventos que forçam Vitto, então com 9 anos de idade, a fugir para New York, chegando na "grande maçã" o garoto é rebatizado e recebe como sobrenome "Corleone" nome da cidade da qual ele é oriundo. Já adulto e interpretado com brilhantismo por Robert De Niro, Vito Corleone  mora em um bairro pobre e após ser demitido, para que o sobrinho do mafioso local pudesse trabalhar, ele aos poucos se conscientiza  do poder da máfia e ao lado de Peter Clemenza e Genco Abandando dá início às suas atividades ilegais que culminam em seu poderio apresentado no primeiro filme, também é mostrado o nascimento de cada um de seus filhos, sua vingança na Sicília. Vendo este filme também entendemos melhor o comportamento de alguns personagens e suas motivações.

     Paralelamente à história de Vito, acompanhamos seu filho Michael que depois de ter eliminado seus inimigos, vingado a morte do irmão Santino e iniciado um processo que o distancia de sua esposa Kay (Diane Keaton) na conclusão do primeiro filme, enfrenta agora inimigos mais poderosos. A maior ameaça à Michael é  Hyman Roth ( Lee Strasberg, mentor de Al Pacino no teatro), um criminoso velho que se diz com a saúde debilitada mas que representa um grande perigo não só ao Don Corleone mas também à sua família. Após sofrer um atentado Michael parte em busca dos culpados e passa por Cuba e os fatos que ocorrem naquela ilha são determinantes para suas atitudes futuras e mostram a Michael a necessidade de agir com mais crueldade contra aqueles que interferem em seus negócios.   

     Com mais liberdade criativa, sem a pressão dos executivos da Paramount( satisfeitos com o sucesso do primeiro filme) e com um orçamento maior Francis Ford Coppola concebeu um filme épico melhor que o realizado em 1972. O elenco está soberbo, a trilha sonora compõe o clima certo e o roteiro, novamente escrito por Coppola e Mario Puzzo, é fantástico mostrando pai e filho como homens de negócios e também como pais de família e suas batalhas em um mundo cruel permeado por violência e traições. 

    Parte III- A Queda de Don Corleone

     Passados 20 anos desde os eventos de conclusão do segundo filme, Michael está velho, doente e cansado da vida de mafioso. Morando novamente em New York e vivendo com a irmã Connie (Talia Shire) Michael está disposto a legalizar os negócios da família e tentar reconquistar a esposa Kay para viver em paz. A busca de Don Corleone  por redenção, por expiação o leva até o Vaticano, local onde ele descobre que a legalização de seus negócios será quase impossível pois seus inimigos o espreitam a espera do momento certo para atacar. Paralelo aos acontecimentos da máfia a terceira parte acompanha a carreira musical de seu filho Anthony (Franc D'Ambrosio) e é conduzido de volta à terra natal de seus ancestrais, a Sicília, onde trágicos acontecimentos o aguardam quando as tramas convergem na apresentação da ópera "Cavallaria Rusticana".

     Nesse filme Michael Corleone enfrenta não apenas seus inimigos mas também sua consciência e descobre da pior maneira possível que deve pagar por todos os seus pecados quando perde uma das coisas que mais ama na vida. A derrocada de Michael já acontecia no fim da "Parte II" e no desfecho da saga ela é evidenciada, mesmo passando o comando dos negócios para o irascível  sobrinho bastardo Vincent Mancini (Andy Garcia), Michael não consegue se livrar de uma vida de crimes, vida esta que ele não quis mas que por necessidade precisou aceitar e fazer coisas horríveis. Mesmo não sendo tão bom quanto os dois primeiros filmes "O Poderoso Chefão-Parte III" tem cenas memoráveis como a confissão de Don Corleone, os momentos que relembra sua juventude e as explosões de Vincent Mancini.

     "O Poderoso Chefão-Parte III", lançado em 1990, dá um fim mediano à trilogia e não agradou o público. Muitos críticos acusaram injustamente Sofia Coppola, que interpreta Mary Corleone, pela falta de qualidade da obra mas culpar somente ela é injusto, sendo que, o próprio Francis Ford Coppola não nega que aceitou fazer o filme por estar enfrentando dificuldades financeiras e que teve que escrever o roteiro às pressas, fatos estes que prejudiram o resultado final. Coppola também acredita que a imagem combalida de Michael prejudicou a aceitação do filme e mesmo esforçado (o longa prende a atenção de quem acompanha a saga do Padrinho) mas está longe de exercer o mesmo fascínio que seus antecessores.  

     

Terra Quente

O paraíso ensolarado acorda cansado

Do calor que arde 

Do calor que cega

Do calor que dopa

O paraíso ensolarado segue largado

Em ruas fétidas

Em redutos de labor putréficos

Em lares decréptos

Zumbis do dia

O paraíso ensolarado dorme dopado

Entorpecido em pseudo euforia

Ódio velado

Demônios dos trópicos

 Miss L.

Brinquedos...para todas as idades

     Foi-se o tempo em que desenhos animados eram exclusividade das crianças. Muitas obras desse segmento apresentam histórias cativantes também para os adultos, bons exemplos disso são os filmes da série "Shrek" e especialmente os filmes da Pixar Animation Studios . 

     Com filmes produzidos em computação gráfica e histórias bem contadas através de roteiros impecáveis (com destaque para "Vida de Inseto", "Os Incríveis" e Up-Altas Aventuras")  a Pixar alcança a cada novo trabalho um patamar crescente de qualidade e toda essa história de sucesso teve como marco inicial o filme que é o tema do post de hoje: "Toy Story" do ano de 1995.

Um Mundo de Aventuras

     O filme conta a história dos brinquedos que pertencem ao garoto Andy, brinquedos estes que na ausência de seres humanos ganham vida, e vivem harmoniosamente no quarto do garoto sendo o cowboy Woody o favorito da criança. No seu aniversário Andy ganha de presente um "Buzz Lightyear" boneco de astronauta que desconhece sua gênese lúdica e acredita realmente que é um patrulheiro espacial. Com a chegada de Buzz, Woody passa a ser preterido por seu dono e é acometido por uma crise de ciúme. Tentando se livrar de seu nemêsis Woody faz com que Buzz vá parar na casa do vizinho Syd, um garoto problemático que tem como forma de lazer torturar brinquedos. 

     Arrependido e em busca de redenção o cowboy parte pra uma arriscada missão de resgate e essa missão será mais complicada pois a família de Andy está de mudança. "Toy Story" foi o primeiro longa-metragem concebido em computação gráfica da história do cinema mas a qualidade de seu roteiro também contribuí para que o filme seja um marco da animação.

Toy Story 2

     Em 1999 foi Woody, agora o melhor amigo de Buzz, que precisou ser resgatado quando foi roubado por um ganancioso colecionador de brinquedos. O resgate de Woody é uma missão liderada por Lightyear e conta também com a participação de outros brinquedos do quarto de Andy como o dinossauro Rex, o Porquinho, o Sr. Cabeça de Batata e o cão de mola Slinky.

    Em seu cativeiro Woody descobre que é um boneco raro baseado em uma antiga série de tv e conhece o cavalo Bala-no-Alvo, a vaqueira Jesse e o o mineiro Pete também personagens do programa. O resgate de Woody proporciona cenas memoráveis de ação e humor, o roteiro do filme trata de temas como solidão e abandono e por esses motivos "Toy Story 2" acaba se tornando melhor que seu antecessor.  

Toy Story 3

     No ano 2010 a saga dos brinquedos de Andy chegou ao fim. Já indo pra faculdade o garoto precisa decidir qual será o destino de seus brinquedos. Woody é escolhido para ir com Andy para a faculdade e seus amigos terão como destino o sótão. Por engano os brinquedos são jogados no lixo mas escapam do saco e pensando que seriam jogados fora resolvem entrar na caixa de doações,fato este que os leva até a creche Sunnyside, local que resolvem adotar como seu novo lar. Todos são bem recebidos pelo urso Lotso mas logo descobrem que ele é um tirano e também amargurado  que transforma os brinquedos em seus escravos transformando a creche Sunnyside em um pesadelo. Fora da creche Woody precisa tirar os amigos de lá e convencê-los a voltar para a casa de Andy antes que o garoto vá embora para a faculdade, entretanto não será nada fácil pois Lotso possui um complexo sistema de segurança que transforma os brinquedos em prisioneiros e desta vez os perigos serão maiores. 

     "Toy Story 3" marca a despedida dos personagens que o público aprendeu a amar desde 1995 e tem cenas emocionantes que nos deixam tristes mas também nos fazem pensar na continuidade da vida ,uma vez que, as mudanças acontecem e muitas vezes deixamos pra trás pessoas que amamos mas devemos seguir em frente e nunca esquecer de como essas pessoas foram importantes pra nós. 

     Tratando de temas pertinentes à vida de qualquer pessoa os filmes da série "Toy Story" divertem e emocionam. Podem ser vistos por crianças e adultos que juntos podem aprender através das metáforas contidas nas belas histórias-sobre amizade, lealdade e companheirismo- desses amáveis brinquedos que no fim são para todas as idades.