segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Linear Notes- A Volta de Californication

     No post sobre a série "Californication" escrito no mês de agosto noticiei que a 4ª temporada da série será exibida no próximo ano. Para começar a campanha de divulgação o canal SHOWTIME passou a exibir  comerciais que revelam os rumos que a história de Hanky Moody vai tomar na nova temporada.
     É possível perceber que o protagonista irá passar por maus bocados diante da acusação de pedofilia que o colocou na cadeia no fim da temporada 3. Além disso Hanky terá que reconquistar a ex-namorada Karen (que ao que parece tem um novo interesse romântico) e a filha Becca após o supracitado escândalo e pelo fato delas não o aceitarem de volta ao apartamento onde moram Hanky irá morar com o amigo Charlie. Outra novidade interessante é o filme que começa a ser produzido baseado nos acontecimentos da vida de Moody e não podemos esquecer das belas mulheres vistas nas prévias e que com certeza irão partilhar a cama com o escritor hedonista.
     Artigos mais completos sobre a série serão escritos conforme a temporada for avançando mas desde já posso garantir que Hanky Moody ainda vai proporcionar histórias muito boas para seus fãs. A expectativa é grande e acredito que a pausa de 1 ano da série serviu para que seus autores levassem o personagem a níveis  mais intensos, complexos, engraçados e interessantes do universo masculino através da ótica de um homem que, na ensolarada Califórnia, vive a vida que muitos gostariam de viver. 

Abaixo os comerciais do Ano 4 de Californication:
Comercial 1:

Comercial 2:
Comercial 3:

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ficção-Científica e Destino

     A ficção-científica é um gênero por vezes marginalizado por suas histórias futuristas e também sobre alienígenas, viagens no tempo, máquinas dotadas de consciência, etc. Entretanto seus admiradores não se encantam apenas com os aspectos técnicos desse tipo de produção e conseguem ir além, se apegando aos conceitos de tais obras com destaque para os filmes inspirados nos  trabalhos de Isaac Asimov, George Orwell e Philip K. Dick . Um bom exemplo da ficção-científica com conceitos filosóficos são os 2 primeiros filmes da saga "Planeta dos Macacos", inspirados no livro de Pierre Boulle, onde o astronauta Taylor (Charlton Heston) discursa sobre a degradação da raça humana em um planeta dominado por símios dotados de inteligência.
     Dois filmes em particular tratam de temáticas semelhantes são eles "Matrix" de 1999 e "Minority Report" de 2002. Em "Matrix", uma guerra é travada entre as máquinas-que dominaram  a Terra, utilizam seres humanos como fonte de energia e fornecem a eles uma "realidade"- e humanos rebeldes que estão desconectados da realidade criada pelas máquinas. Ao lado dos rebeldes está a entidade denominada "Oráculo" que prevê o futuro de Neo (Keanu Reeves), um provável "Escolhido" (aquele que com seus poderes irá por um fim a essa guerra), mas ele acredita que controla sua vida e diante dos acontecimentos que se seguem deve fazer escolhas cruciais para o futuro de toda a raça humana.

     No filme "Minority Report", passado no ano 2054, o policial John Anderton (Tom Cruise) trabalha em uma divisão da polícia que utiliza as visões de 3 videntes para prever os crimes e prender os criminosos antes que os delitos sejam cometidos. Quando Anderton é incriminado por uma previsão, foge para provar sua inocência e se depara com a situação da qual tentava escapar. A questão principal nos dois filmes diz respeito às decisões que cada um deve tomar e suas conseqüências e tal linha de raciocínio é enriquecida pelo fato dos protagonistas conhecerem seu futuro, o que leva os espectadores  a refletirem sobre a utilização do livre arbítrio ou a consumação do destino que lhes está reservado.
            
     Na vida real não existem previsões, nem chances de consertar o passado, portanto devemos pensar em nossas ações supondo quais serão suas repercussões e não apenas assistir os acontecimentos pois acredito que cada um faça seu próprio destino.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Aspectos da Violência no Cinema

     Alfred Hitchcock acreditava que a violência era algo assustador e por essa razão poupava o público de seus filmes de cenas violentas, priorizando desse modo a sugestão que causava o suspense pelo qual suas obrass se tornaram famosas. No entanto outros diretores se tornaram notórios devido ao emprego da violência fluente com a história de seus filmes, mas seus trabalhos não são apenas colagens de cenas violentas sem propósito e tencionam discutir a natureza de tal sentimento tão inerente aos seres humanos.
      Nos filmes "2001: Uma Odisséia no Espaço"(2001: A Space Odyssey, 1968) e "Laranja Mecânica" (A Clockwork Orange, 1971) o visionário Stanley Kubrick relata dois aspectos interessantes relacionados a esse tema. No filme de 1968 durante a "alvorada do homem" os primatas descobrem como matar seus adversários e o poder que isso traz na simbólica batalha por uma poça de água.

     Já no filme de 1971 através da jornada de Alexander De Large (Malcolm Macdowell), um jovem que comete delitos e pratica a ultraviolência por pura diversão, o diretor mostra que muitas vezes os sentimentos agressivos estão presentes de maneira tão marcante na mente de algumas pessoas que suprimi-los tem por conseqüência acabar com sua personalidade.

     Em "Kill Bill-Vol.1"(idem,2004) e "Kill Bill-Vol.2" (idem,2004) Quentin Tarantino conta a história de vingança de Beatrix Kiddo (Uma Thurman), uma antiga matadora de aluguel, que foi espancada por seus antigos colegas e levou um tiro na cabeça desferido por seu  ex-chefe e ex-namorado Bill (David Caradine). Ao engravidar e abdicar da violência em sua vida  o que Beatrix consegue é apenas atrair pra si mais truculência enquanto caça os que lhe fizeram mal depois de sair de um coma de 4 anos. No embate com Bill ele faz questão de deixar claro que eles são pessoas que não nasceram para viver em paz e nesse sentido a elucidativa citação ao personagem Superman é soberba.

     O britânico Christopher Nolan deu ao personagem Batman, oriundo das histórias em quadrinhos, contornos realistas no filme "Batman Begins"(Idem,2005) tanto na concepção do protagonista quanto o contexto de violência urbana e corrupção em que ele está inserido na cidade de Gotham City e aprofundou suas reflexões na continuação "Batman-O Cavaleiro das Trevas" (The Dark Knight,2008) através do personagem Coringa, interpretado de maneira fantástica por Heath Ledger. No filme o Coringa apenas existe, não tem uma identidade ou história de origem como é comum ao gênero, e sua existência é pautada pela violência. O personagem é um elemento do caos e da anarquia, não se importando nem com sua própria vida, desde que cause na mente das pessoas o medo e a sensação de insegurança, e Nolan o utiliza para tentar entender as raízes da maldade.
     A violência faz parte do cotidiano das pessoas e está presente desde os desenhos animados assistidos pelas crianças até as notícias que estão nos jornais e na TV. O que a motiva é a própria natureza humana e por razões diferentes  seus agentes a executam. Ao discorrer sobre ela em seus filmes os cineastas acima citados mostram que o público aceita a violência em suas obras pois ela faz parte de cada um de nós e externá-la é apenas uma questão do contexto de vida em que estamos inseridos.  

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Family Guy


    O pai, gordo e idiota, se chama Peter; a mãe ,dedicada e frustrada, Lois; a filha adolescente e insegura é Meg; o filho do meio é bobo e se chama Chris; o bebê ao invés de ser fofinho e gracioso é superdotado, megalomaníaco e recebeu o nome de Stewie, junto deles sempre está o cão falante, e por vezes mais racional que os seus donos, Brian. Esses são os personagens que formam a desengonçada e desajustada família Griffin que compõe o núcleo de "Family Guy", um desenho animado voltado para o público adulto que utiliza ótimas piadas para criticar e ao mesmo tempo rir da sociedade moderna.
        A família Griffin está sempre diante da TV, vive na cidade de Qhahog e seus componentes se envolvem nas mais hilariantes e bizarras situações algumas delas surreais  , destacam-se também: os vizinhos Joe, Cleveland e Quagmire responsáveis por diversas situações engraçadas, as piadas com celebridades, as paródias de filmes e desenhos consagrados e a qualidade da animação.Esses fatores garantem à série um nível de excelência quase inexistente nos desenhos animados dos dias de hoje.
     O mote de cada episódio pode até parecer convencional, a  fórmula não é original e já foi consagrada desde os final da década de 80 com o sucesso de "Os Simpsons". Entretanto Seth MacFarlane- criador, produtor, roteirista e dublador- consegue propiciar a cada um dos episódios algo diferenciado, sempre com muita inteligência e utilizando-se de um humor ácido e anárquico.
     "Family Guy" leva o público ao riso de maneira fácil devido à sua profusão de piadas  que atacam os padrões morais e conservadores (através de uma família que no mínimo pode ser chamada de desfuncional pois seus membros não tem nada de previsível ou convencional) que infelizmente permeiam o mundo em uma época em que tudo deve ser politicamente correto. 

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Saga do Padrinho

     Assistindo "O Poderoso Chefão" (The Godfather, 1972) nos dias de hoje é muito difícil imaginar que um filme tão brilhante tenha passado por um processo de criação tão conturbado. Os executivos da Paramount interferiram em todos os aspectos da produção, fazendo com que o diretor e co-autor do roteiro Francis Ford Coppola tivesse que brigar para fazer prevalecer suas opções artísticas. Esses mesmos executivos queriam que o filme se passasse nos anos 70, diferente do livro de Mario Puzzo ( e também autor do roteiro ao lado de Coppola) que originou o longa e se passava durante as décadas de 40 e 50, não aprovaram a contratação do novato Al Pacino e restringiram o orçamento somente para citar alguns exemplos.
     "O Padrinho", como eu prefiro chamar o filme, conta a história de Don Vito Corleone (Marlon Brando, perfeito) chefe de uma "família" mafiosa que possuí negócios ilícitos ligados à exploração do jogo e que presta favores a seus "afilhados" em troca de amizade e da retribuição dos favores se necessário. Quando Don Corleone se nega a financiar um traficante de drogas sofre um atentado contra sua vida e cabe a seus filhos Sonny (James Caan), Fredo (John Cazale), Michael ( Al Pacino) e adotivo Tom Hagen (Robert Duvall)  cuidar dos negócios.
      O roteiro escrito por Puzzo e Coppola compara as organizações mafiosas com grandes empresas e tece dessa maneira uma crítica ao capitalismo selvagem, sendo nesse aspecto extremamente significativa a cena em que os chefes das "famílias" se reúnem para discutir uma trégua e selar novos acordos. A vida pessoal dos Corleone também é enfatizada mostrando suas celebrações e suas perdas. O melhor do filme está na transformação pela qual o personagem Michael Corleone passa pois diante da saúde debilitada de seu pai e da incapacidade dos irmãos mais velhos acaba se tornando o "Don", quando seus planos para o futuro eram bem diferentes de encabeçar uma organização criminosa.
     O elenco conta com atores talentosos ( Richard Conte, Morgana King, Diane Keaton, Sterling Hayden etc), a música de Nino Rota cria o clima certo, os diálogos são marcantes, a produção e o figurino impecáveis e o resultado é um filme épico que considero o melhor de todos os tempos não apenas por suas qualidades técnicas mas também pela história criativa e seus personagens cativantes.

CONTINUA...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

George Orwell, Pink Floyd e Animais.

          Lançado em 1945, o livro "A Revolução dos Bichos" conta a história de uma revolta de animais ocorrido em uma fazenda. Tal  revolta se origina quando, cansados dos maus tratos e do desrespeito que sofrem por parte de seus donos, todos os animais se unem para expulsar os humanos e criar uma sociedade melhor. Os líderes são os porcos Napoleão e Bola-de-Neve e aos poucos os princípios ideológicos da revolução vão se perdendo o que culmina no exílio de Bola-de-Neve o no poderio opressor de Napolão.
     A obra é uma alegoria da Revolução Comunista Russa feita com animais e mostra que quem assumiu o poder fez as mesmas coisas que aqueles que foram destituídos dele. Grandes exemplos disso são as frases que vão mudando durante o livro: o lema "Todos os animais são iguais" se transforma em "Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros" e o afastamento dos filhotes de cachorro que longe de sua mãe são criados para intimidar e destruir os inimigos do regime.
     É interessante acompanhar o livro e ler os fatos históricos ocorridos na Rússia pois isso demonstra a decepção de Orwell com as consequências da Revolução Comunista e mostra que quase sempre na política a retórica é uma mas a postura adotada é outra. 

Animals
     
Faixas:
1 - Pigs on the Wing (part 1) - 1:25
2 - Dogs - 17:08
3 - Pigs (Three Different Ones) - 11:28
4 - Sheep - 10:20
5 - Pigs on the Wing (part 2) - 1:25
     
     Lançado em 1977 pela banda britânica Pink Floyd o álbum "Animals" é totalmente inspirado no livro acima descrito. Roger Waters o baixista, vocalista e principal compositor da banda aliou seu talento aos bandmates David Gilmour (guitarra e voz), Nick Mason (bateria) e Richard Wright( teclados) e concebeu aquele que considero o segundo melhor disco do grupo.
     O disco mantém a qualidade musical sempre presente nos trabalhos do Floyd e junta a isso letras ácidas para criticar o sistema capitalista relacionando cada animal com um determinado grupo. Os porcos (Pigs) são os políticos nojentos que comandam tudo, auxiliados pelos cães (Dogs) que cumprem suas ordens sendo cruéis e que deixam de lado suas emoções pessoais para acabar morrendo sozinhos e as ovelhas (Sheep) representam o restante da sociedade sendo manipulados para atender às necessidades e interesses dos dois primeiros grupos.
     As canções que iniciam e encerram o disco nos mostram que amando e nos importando com os outros podemos nos proteger dos porcos e dos cães e, na nossa sociedade, eles são muitos.

Rocky- O Eterno Lutador

  
     Existem filmes que ficam gravados pra sempre em nossas cabeças, seja por suas imagens ou pelas emoções que nos causam. Um bom exemplo disso é a hexalogia que conta a história de um lutador de boxe que estaria destinado à mediocridade se não soubesse aproveitar a grande chance que teve na vida e se não lutasse para que seus esforços não fossem em vão.
     Trata-se de Rocky Balboa, interpretado por Silvester Stallone, boxeador de uma vizinhança italiana pobre na Filadélfia, ele luta no clube de seu bairro por trocados e trabalha cobrando dívidas de agiotas para sobreviver. Tudo muda quando o campeão mundial, em uma jogada publicitária, Apollo "O Doutrinador" Creed (Call Weathers) perde seu desafiante na disputa do título e resolve dar a um desconhecido a chance de enfrentá-lo e o escolhido é Rocky. Disposto a não se deixar virar motivo de piada e saco de pancadas do campeão Balboa resiste bravamente a uma luta de 15 assaltos e em certos momentos se sobressaI ao "Doutrinador".
     Lançado em 1976 "Rocky-Um Lutador" fez um enorme sucesso, pois surgiu em uma época de crise econômica e que a política dos EUA também estava desacreditada devido à Guerra do Vietnã, tornando o personagem um símbolo de esperança e determinação. O filme também mostra as relações pessoais de Rocky enfatizando seu romance com a bela Adryan (Talia Shire) e sua conturbada e depois produtiva relação com o treinador Mickey (Burgess Meredith). Com a emblemática música "Gonna Fly Now" escrita por Bill Conti e dirigido por Johm G. Avildsen a obra emociona e nos ensina que por mais poderosos que sejam nossos adversários o importante  é sabermos nos levantar a cada golpe que recebemos da vida e nunca desistirmos por pior que pareça a situação.
     Seqüências
     O sucesso alcançado por "Rocky-Um Lutador" foi tão grande que no ano de 1979 foi lançado "Rocky II-A Revanche", nesse filme após perder o dinheiro conseguido na luta contra Apollo e ser proibido de lutar por motivos médicos Balboa aceita uma nova luta contra o desacreditado campeão. Com a mesma qualidade do anterior "Rocky II" tem cenas emocionantes como a corrida em que Balboa é seguido por várias crianças e a luta final. A vida pessoal do lutador também é evidenciada por suas dificuldades financeiras e pelo nascimento de seu filho Rocky Jr.
     Em "Rocky III-O Desafio Supremo" de 1982, um agora milionário campeão Rocky Balboa deve enfrentar a si mesmo, recuperar o "olho do tigre" que sua vaidade o fez perder para derrotar seu mais poderoso adversário Clubber Lang (Mister T.). Para superar esses desafios ele conta com a ajuda inusitada de Apollo Creed.
     "Rocky IV" de 1985, é um filme simbólico do período de Guerra Fria e coloca o boxeador soviético Ivan Drago (Dolph Lundgren) como o oponente de Balboa em uma luta emocionante. O filme também mostra a trágica morte de Apollo durante um combate com o gigante soviético e trata de dopping ao relatar a preparação de Drago. A superação de Rocky na luta final ante a hostilização sofrida na URSS e um clip que recapitula eventos dos filmes anteriores também são destaques.
     "Rocky V" lançado em 1990 mostra a decadência de Balboa depois que seu contador lhe aplica um golpe e o lutador perde sua fortuna tendo que voltar a morar no seu antigo bairro, lá ele descobre um jovem talento que mais tarde se vira contra ele e deve lidar com o filho adolescente.
     Em 2007 chegou aos cinemas "Rocky Balboa", filme que serviu para por um fim digno na saga do grande campeão após a fraquissíma quinta parte. Com uma estrutura muito semelhante ao filme de 1976 o sexto filme mostra Rocky víuvo e com dificuldades pra se relacionar com o filho. Vivendo como proprietário de um restaurante italiano Balboa se dedica a uma luta de exibição contra o atual campeão mundial Mason Dixon, que é criticado por ter apenas lutas "fáceis" e em uma simulação virtual feita por um programa de TV perde uma luta para Balboa fato este que o deixa mais desacreditado, e nesse combate Rocky luta para permanecer de pé em uma luta que representa toda sua vida, suas batalhas pessoais e nos mostra que mesmo velho e sem a mesma força de antes a idade não importa porque Rocky Balboa será um eterno lutador.        

sábado, 13 de novembro de 2010

Assustadoramente Encantadora


     Filmes sobre lindas crianças maléficas sempre fazem sucesso pois para o público é interessante uma idéia tão antagônica quanto um ser adorável ser na verdade perverso. Bons exemplos disso são os filmes da série "A Profecia" e também "O Anjo Malvado". No ano de 2009 uma nova criança passou a fazer parte desse grupo, ela é lindinha, se veste e é cordial como uma dama, tem um belo sotaque russo, atende pelo nome de Esther (interpretada com muita competência pela atriz mirim Isabelle Fuhrman) e estrela o filme "A Orfã".
     O filme se inicia com Kate Coleman (Vera Farmiga) chegando ao hospital com seu marido John (Peter Sarsgaard) e dando a luz a um bebê banhado em sangue, na verdade trata-se de um pesadelo pois Kate acabara de perder aquela que seria sua terceira criança. Em seu luto o casal resolve adotar uma criança para que ela receba todo o amor que era destinado ao bebê não nascido e é assim que conhecem e adotam a pequena Esther de 9 anos de idade. A princípio a inteligente e articulada garotinha se mostra frágil, pois perdeu seus últimos pais adotivos em um incêndio anos antes, porém aos poucos se revela agressiva e perigosa machucando colegas de escola e cometendo assassinatos, colocando em risco além do casal Coleman seus dois filhos Daniel (Jimmy Bennett) e Max (Aryanna Enginner).
     Com elementos bem pensados, como por exemplo os gritos de Esther e o fato da garotinha enganar a psicóloga, o roteiro caminha desenvolvendo cada um dos personagens ( a mãe alcoólatra e desconfiada , o pai descrente, o filho ameaçado e a filha cúmplice) pois cada um deles guarda algum segredo, dá bons sustos nos espectadores e caminha para um final surpreendente quando é revelada a origem de Esther. O elenco empresta credibilidade ao projeto, todos os elementos são bem coordenados pelo diretor Jaumett Colett-Serra e com uma mistura de drama, suspense e terror "A Orfã" prende a atenção do público enquanto somos conduzidos à descoberta do significado da frase presente no poster do filme "Há algo estranho com Esther" e realmente chegamos a conclusão que essa garota tem sérios problemas.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A Invenção Da Mentira

     
     "Todo mundo mente", já diria o Dr. House,  e isso é a mais pura verdade. No dia-a-dia todos dizemos pequenas mentiras as vezes para nos livrar de coisas ruins ou para agradar pessoas que gostamos. Mas como seria um mundo em que as pessoas não soubessem mentir?
     Pensando nisso o britânico Rick Gervais- ator, roteirista e diretor- desenvolveu a história de "O Primeiro Mentiroso" (The Invention Of Lying, 2010) onde atua como o "gordinho de nariz arrebitado" Mark Bellison. O protagonista do filme vive em uma realidade onde todas as pessoas só dizem a verdade, trabalha como escritor de filmes (já que não existe a ficção os fatos históricos são narrados por estudiosos) e leva uma vida sem graça sendo constantemente humilhado pelos colegas de trabalho e por Anna (Jennifer Garner) a mulher por quem é apaixonado. Tudo muda quando de repente, Mark descobre que pode dizer coisas que não são reais e aproveita essa habilidade para obter vantagens em sua vida pessoal, profissional e consolar sua mãe moribunda prometendo a ela o paraíso.
    Com a habilidade de mentir Bellison cria a religião, ou seja, uma crítica de Gervais a todo o messianismo de nossa sociedade por vezes comandado por charlatãos que querem apenas tirar vantagem da fé alheia ou que não sabem sobre o que estão falando.O filme parte de uma premissa extremamente interessante e seus diálogos onde as pessoas só dizem a verdade são hilários.O elenco contribuí para a qualidade da obra pois os atores são em sua maioria comediantes consagrados e competentes como Tina Fey, Rob Lowe, Jonah Hill, etc.
     Mesmo com um final previsível a obra tem um diferencial em relação às comédias hollywoodianas contemporâneas e diverte com suas piadas inteligentes além de nos ensinar que as vezes podemos até mentir mas que dizer a verdade, seja ela qual for, pode ser melhor."O Primeiro Mentiroso" é sem dúvida um dos melhores filmes lançados este ano e isso caros leitores, não é mentira.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Quem Vigia Os Vigilantes?

  
     Nos últimos anos Hollywood aproveitou-se da evolução dos efeitos especiais computadorizados e do fascínio das pessoas por super-heróis para criar diversas adaptações de histórias em quadrinhos. Algumas dessas adaptações decepcionaram os fãs entretanto outras foram fiéis a suas origens mantendo os elementos consagrados nos gibis e arrebanharam mais seguidores aos séquitos dos super-poderosos.
     Um dos melhores filmes dessa safra adapta uma graphic novel do quadrinista inglês Allan Moore lançada nos anos 1986 e 1987. "Watchmen" conta a história nada convencional de um grupo de mascarados que foi proibido por lei de atuar contra a criminalidade. A história começa com o assassinato de Edward Blake (Jeffrey Dean Morgan) que atuava como o "Comediante", a investigação de sua morte é conduzida por Rorschach (Jackie Earle Haley ) que acredita que o assassinato de Blake seja o princípio de um morticínio de antigos heróis. Rorschach resolve alertar Dan Dreidberg (Patrick Wilson) o "Coruja", Adrian Veidt (Matthew Goode) "Ozymandias", Laurie Juspeczyk ( Malin Ackerman) a Spectral II e Dr. Manhattan (Billy Cudrup). No entanto a investigação de Rorschach o leva a descobrir uma trama que envolve muito mais do que um simples assassinato e inclui um plano para conseguir a paz mundial através de uma grande tragédia.
     O grande diferencial de Watchmen está na falta de escrúpulos de seus personagens (todos são problemáticos, violentos, atormentados e imorais) e vários flashbacks ajudam a entender seus comportamentos. Além desse elemento interessante a história se passa numa versão alternativa do ano de 1985 onde Richard Nixon é o presidente dos EUA pela 3ª vez e a III Guerra Mundial está prestes a acontecer. A magnifica cena de abertura do filme ao som de "The Times They're Changin" de Bob Dylan contextualiza os eventos históricos dessa versão diferenciada da história mundial e mostra um pouco do apogeu dos heróis que precederam os acima citados quando não era proibido lutar contra o crime.
     Com uma leve alteração em relação ao final das hq's o filme é mais enxuto que sua contra-parte de papel, eliminando assim sub-tramas desnecessárias mas sem desrespeitar o material original. Além disso o elenco está ótimo, a trilha sonora é eclética e caprichada. O resultado do trabalho do diretor Zack Snider é diferenciado em relação a um tema muito explorado e além de divertir deixa uma interessante questão no ar: a humanidade está preparada para viver em paz?

Deckard, Afinal...


     Acredito que o poder de qualquer manifestação artística esteja no modo como o público a recebe, cada um interpretando de acordo com sua subjetividade, e como ela resiste ao teste do tempo. Muitas obras só são compreendidas depois de muitos anos de sua criação e mesmo depois de muito tempo tendem a gerar novas discussões em torno das motivações dos artistas responsáveis pelas suas criações. Pensando nisso resolvi escrever sobre um dos melhores filmes de todos os tempos ,não só pelas suas abundantes qualidades mas também pelas inúmeras discussões a respeito da "natureza" do personagem principal Rick Deckard, trata-se do clássico de 1982 dirigido por Ridley Scott "Blade Runner".
     O filme se passa em futuro caótico e poluído e é ambientado na cidade de Los Angeles no ano de 2019. Nesse futuro as máquinas se tornaram tão inteligentes que desenvolveram a capacidade de pensar por si próprias e são utilizadas para trabalhos nas colônias extraterrestres, com forma humana os chamados replicantes as vezes dão problemas e cabe aos blade runners cuidar de sua eliminação. Rick Deckard (Harrison Ford) um blade runner aposentado recebe a função de eliminar 4 replicantes de última geração que fugiram após um motim e estão no planeta Terra em busca de seu criador Eldon Tyrell (Joe Turkell) para pedir-lhe mais longevidade já que suas vidas estão programadas para apenas 4 anos. 
     Antes de iniciar sua caçada Deckard deve testar um  modelo de robô para aprender a identificar os padrões dos novos replicantes, é assim que ele conhece Rachel (Sean Young) uma andróide que possuí memórias e desconhece sua gênese mecânica. Ao longo de sua missão o blade runner enfrenta suas vítimas e também se apaixona por Rachel fato este que gera nele diversas dúvidas.
     Com um visual espetacular, uma trilha sonora marcante do grego Vangelis, um ótimo elenco,uma direção competente e uma história excelente história adaptada do livro "Do Androids Dream Of Eletric Sheep?" escritor Philip K. Dick ( entretando o filme é melhor que o livro) a obra "hipnotiza" o espectador com seus questionamentos existenciais. Os andróides buscam uma identidade, uma vida e esse contexto cria cenas belíssimas como Rachel se refugiando no apartamento de Deckard e Roy Batty (Rutger Hauer) na chuva valorizando a vida alheia acima de tudo e citando uma das mais belas frases da história do cinema.
     A grande dúvida do filme, que surgiu devido ao lançamento da versão do diretor em 1992 ( e posteriores relançamentos com cenas inéditas ou retiradas da versão original) , é se Rick Deckard era também um andróide. Diversas cenas baseiam teorias tantos dos que acreditam nessa hipótese quanto dos que não acreditam. Quando lançado "Blade Runner" foi um fracasso de bilheteria mas hoje em dia é cultuado por milhões de fãs no mundo todo que aos poucos foram descobrindo o filme e a questão sobre a origem de Deckard persiste. Tenho minha opinião e convido meus queridos leitores a conhecerem a obra e tomar uma decisão por si mesmos porque é nisso que a arte se baseia, descobertas e discussões. Deckard, afinal...era um replicante? 

Obras-Primas Perdidas...Serpico


     Infelizmente todos nós sabemos que a corrupção faz parte de nossos cotidianos, ela está estampada diariamente nos jornais e infiltrada em várias camadas da sociedade, sobretudo na política. Outro fato conhecido é que a corrupção transpõe barreiras e não conhece limites nem fronteiras. Muitos dos que lutaram e continuam lutando contra as sujeiras da sociedade fatalmente acabam encontrando um fim trágico e se tornam mártires de causas nobres, outros sobrevivem e tornam-se exemplos de honestidade e perseverança.
     O post de hoje tem o propósito de enaltecer um homem cuja  luta foi tão exemplar que sua saga se transformou em um filme estrelado pelo grande ator Al Pacino (que passa por uma interessante transformação física ao longo da obra) e dirigido por Sidney Lumet, um diretor habituado a fazer filmes com uma densa crítica social , trata-se de "Serpico" do ano de 1973.
     O princípio do filme mostra o policial Frank Serpico sendo conduzido para o hospital em uma ambulância após ter sido baleado no rosto e encontrar-se em estado grave. A maior parte do filme é um flashback que serve para mostrar ao público como o policial chegou nessa situação. Quando se formou na academia de polícia  na cidade de Nova York  Serpico era um idealista obstinado pela justiça e se incomodava até com o fato do dono de um restaurante fornecer comida grátis aos policiais. Trabalhando a paisana e buscando sempre subir na carreira os poucos ele percebe que a corrupção policial existe e tenta livrar-se dela mudando diversas vezes de distrito. 
     Ao tentar expor a verdade sobre as propinas recebidas pelos policias Serpico passa a ser perseguido e hostilizado pelos colegas encontrando barreiras não somente entre os parceiros de profissão, que se incomodam com o fato dele não aceitar dinheiro sujo e que mais tarde passam a revistá-lo diariamente em busca de escutas, mas também nas esferas mais altas da polícía e também aos políticos aos quais tenta recorrer. Vendo sua vida pessoal ruir Frank passa a batalhar sozinho em busca de uma solução para seus problemas batendo de frente com todo o sistema falho do qual não quer fazer parte para ter que cumprir o trabalho que tanto gosta.
     Tudo isso culmina com o atentado contra a vida de Serpico relatado no início do texto e sua sobrevivência lhe dá a chance de expor em um inquérito toda a torpeza que presenciou. O filme adapta o livro escrito por Peter Maas e é baseado em fatos reais. Como conseqüência de sua luta Serpico teve que se exilar na Suíça devido ao risco que sua vida continuava correndo, mas sua história nos mostra que devemos lutar pelo que acreditamos mesmo que as vezes estejamos sozinhos contra algo tão poderoso e traiçoeiro (que as vezes se esconde onde menos esperamos) que é a corrupção.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Scott Pilgrim, Contra O Mundo E Fazendo Cinema De Qualidade

     Como combinar elementos de videogames com histórias em quadrinhos na linguagem do cinema e criar um filme extremamente divertido e inovador? O talentoso diretor britânico Edgar Wrigth, dos excelentes e desvalorizados "Todo Mundo Quase Morto" e "Chumbo Grosso", pode responder essa pergunta afinal ele é o responsável pelo "delírio" que é assistir "Scott Pilgrim Contra O Mundo" ( Scott Pilgrim vc. The World, 2010) um dos melhores filmes desse ano.
     O filme adapta para as telas as hq's de Bryan Lee O' Malley e já possuí um diferencial bacana em sua ambientação na bela e fria cidade de Toronto, Canadá. Scott Pilgrim (o sempre competente Michael Cera) é um jovem de 22 anos baixista da banda Sex-Bob-Omb e que há um ano atrás teve o coração partido pela atual estrela de rock do momento Envy Adams ( a bela e excelente cantora, Brie Larson), prosseguindo com sua vida Scott conhece a chinesa de 17 anos Knives Chao (Ellen Wong), fato este encarado de maneira negativa por seus amigos e sua irmã Stacey (Anna Kendrick). As coisas começam a mudar quando Scott sonha com uma bela patinadora e ao descobrir  que ela é real decide tentar conquistá-la e deixa de lado sua relação com Knives. A garota dos sonhos de Pilgrim atende pelo nome de Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead) é americana e se mudou para o Canadá tentando deixar seu passado para trás. O que Scott  não sabe mas que vai descobrir de maneira dolorosa fisicamente é que ele deve derrotar "A Liga Dos Sete Ex Malignos" (que tem o propósito de "cuidar" da vida amorosa de Ramona) para poder continuar namorando a garota que ama.  
       Não é  apenas pelo seu mote interessante que "Scott Pilgrim Contra o Mundo" se destaca. O desenvolvimento de seu roteiro é muito bem executado tanto na evolução dos personagens quanto no desenrolar das  situações vividas pelo protagonista, situações essas extremamente hilárias como a homenagem feita à série "Seinfeld" .Todo o elenco está afiado com destaque para os coadjuvantes Wallace (Kieran Culkin) o colega de quarto gay de Scott, Julie (Aubrey Plaza) a vendedora mal-humorada da loja de cd's, os bandmates de Pilgrim Stephen (Marc Webber) vocalista, Kim (Alison Pill) a baterista e "Young" Neil (Johnny Simmons) amigo dos membros do Sex-Bob-Omb.   
     Todos os vilões que Scott enfrenta ,além de marcantes e carismáticos, possuem um poder diferente, com destaque para o pirotécnico Matthew Patel (Shatya Bhabha), o ator de filmes de ação e skatista Lucas Lee (Chris Evans), o baixista e idiota Todd (Brandon Routh) e Roxy (Mae Whitman). 
     Além dos fatores acima citados o filme é um deleite visual da primeira à última cena, com diversas onomatopéias e quadros explicativos sobre os personagens a história corre como um jogo da Nintendo (empresa que liberou vários sons de seus jogos) com direito a "VS" antes do ínicio das lutas (muito bem coreografadas e nesse quesito as habilidades do magrelo Michael Cera surpreendem) , "K.O" quando elas acabam além de tantas outras divertidas soluções visuais que deixam tudo mais engraçado. 



     A trilha sonora é fantástica e tanto a banda de Scott quanto as outras que aparecem no decorrer do filme  como "Crash And The Boys" e "Clash At Demonhead" apresentam belas performances de bom rock 'n' roll com músicas como  "We Are Sex Bob-Omb", "Black Sheep", "Threshold", "Garbage Truck", "So Sad", "I Hate Please Die" e minha favorita "I Heard Ramona Sing".

     Assistir a esse filme é muito mais do que embarcar em uma bela viagem visual e sonora, durante sua  projeção aprendemos através da história de um jovem apaixonado e que também faz besteira, que talvez mais importante do que estar bem com as pessoas que amamos, antes temos que estar bem com nós mesmos, Scott Pilgrim luta contra o mundo para saber que deve ter acima de tudo auto-respeito. Edgar Wright leva ao público um filme divertido, criativo (apesar de se tratar de uma adaptação), bem feito e que acima de tudo é uma demonstração de que ainda é possível fazer cinema com muita qualidade desde que exista paixão e respeito pelo material a ser trabalhado coisa que infelizmente é escassa na produção cinematográfica dos dias de hoje. K.O!!!