quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

D-J-A-N-G-O. Django, o D é mudo.


 No cinema contemporâneo poucos diretores são capazes de criar filmes tão impactantes como Quentin Tarantino. O texano de 49 anos passou boa parte da vida trabalhando em um vídeo locadora até que teve uma chance em Hollywood e soube aproveitá-la para criar filmes originais, violentos e extremamente divertidos. Com a total confiança dos produtores e executivos dos estúdios, Tarantino conta com uma grandiosa liberdade artística e criativa que lhe permite dar vida aos mais peculiares e cativantes personagens resultantes de uma miscelânea dos gêneros cinematográficos que mais aprecia ( do faroestes ao exploitation,  passando por animações japonesas e filmes de kung-fu somente para citar alguns exemplos) e inseridos em histórias que diferem do convencional . Mesmo que em Kill Bill Volume 2 (2004) e Bastardos Inglórios (2009) o diretor utilize elementos de faroeste, somente com o recém lançado Django Livre (Django Unchained, 2012) é que ele  consegue homenagear plenamente este tipo de produção.
   Ambientada no estado do Texas no ano de 1858, a trama de Django Livre se inicia mostrando o protagonista interpretado por Jamie Foxx sendo liberto de mercadores de escravos pelo caçador de recompensas alemão Dr. Schultz ( Christoph Waltz). Depois de libertar Django, Schultz lhe propõe um acordo que consiste em benefícios mútuos: se Django ajudá-lo a pegar os três irmãos Brittle ganha 25 dólares por cabeça e é um homem livre. A empreitada é tão bem sucedida que o Schultz resolve estender a parceria e ajudar seu novo colaborador a encontrar a esposa Brunhilda (Kerry Washington), uma vez que o antigo proprietário do casal os separou como forma de vingança contra Django. 
Adiante na história os dois descobrem que Brunhilda agora pertence ao excêntrico Calvin Candie (Leonardo Di Caprio) um  fazendeiro que se diverte apostando em lutas de mandingo que consistem em dois escravos se degladiando até a morte. Depois de planejar a compra de Brunhilda sem levantar suspeitas de Calvin o plano de Django e Schultz fracassa devido à intromissão do escravo Stephen (Samuel L. Jackson) e cabe a dupla lutar pela sobrevivência nos domínios do antagonista.
Assim como ocorreu em Bastardos Inglórios, em Django Livre Tarantino também utiliza um tema histórico para proporcionar ao público uma espécie de “vingança”, tema recorrente em sua filmografia. Se no filme de 2009 Donny Donowitz (Eli Roth) utilizava um bastão de beisebol para destroçar nazistas e metralhava Adolf Hitler, aqui a catarse ocorre quando Django chicoteia impiedosamente um homem que outrora açoitara sua amada. Contando com belas metáforas o roteiro de Tarantino brinda o público com diálogos divertidos (especialidade do diretor) e personagens carismáticos interpretados por um primoroso elenco onde Christoph Waltz se destaca com um personagem ,que assim como Hans Landa de Bastardos Inglórios, tem na linguística um de seus maiores trunfos.
Django Livre é acima de tudo um exercício de cinema concebido por um de seus maiores estudiosos, um diretor que sabe entregar ao seu público um amálgama cinematográfico dotado de personalidade e que não soa datado ou plagiado. Além disso Quentin Tarantino tem o poder de  levar o espectador a uma profunda reflexão sobre o poder do próprio cinema enquanto  Arte, pois até já reinventou a História, e isso o torna único.  

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