domingo, 7 de outubro de 2012

Prometheus

     
     Uma das melhores características da ficção científica é utilizar histórias futuristas para fazer reflexões, sejam tais reflexões sobre a sociedade contemporânea à criação das obras ou questionamentos introspectivos inerentes a todos os seres humanos. Expoente do gênero no século passado a série de filmes Alien inovou quando em seu primeiro filme, lançado no ano de 1979, o diretor Ridely Scott ( oriundo da publicidade e a sexta opção dos estúdios Fox) combinou com competência aspectos de terror à trama. No segundo filme, entitulado Aliens - O Resgate, o diretor  James Cameron somou aos elementos da série boas cenas de ação. As tramas dos dois filmes narram a trajetória de Ellen Ripley (Sigourney Weaver) em seus embates contra criaturas alienígenas letais, que serviam como a  materialização de ameaças corporativistas, uma vez que o maior interesse na criação dos aliens era da empresa Weyland-Yutani. Tudo que a série consolidou de maneira positiva em seus capítulos iniciais foi diluído nas sequências lançadas nos anos de 1993 e 1997 e em um ridículo crossover com o Predador, que gerou 2 filmes na década passada. Incumbido de voltar à série, para  a concepção do quinto capítulo, o diretor Ridley Scott optou por um prelúdio que mostra eventos anteriores ao filme de 1979 e tem o intuito de revelar a origem  dos aliens.
    O filme Prometheus se passa no ano de 2094, aproximadamente 30 anos antes dos eventos do primeiro Alien, e  conta a história de uma expedição  liderada pelos cientistas Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e Charles Holloway ( Logan Marshall-Green) que busca nos confins do universo respostas para a origem da vida no planeta Terra, origem essa  que está associada à seres gigantes denominados Engenheiros. Quando a expedição obtém exito e encontra os Engenheiros o que se descobre é uma ameaça que pode extinguir toda a vida em nosso planeta.
     A ambiciosa premissa de Prometheus reúne, além da analogia com a mitologia grega, elementos da obra "Eram os Deuses Astronautas?" de Erich von Däniken mas infelizmente o roteiro de Jon Spaihts e Damon Lindelof se sustenta em personagens sem carisma ou mal desenvolvidos o que acaba prejudicando o filme. O melhor exemplo disso são os personagens Fifield (Sean Harris) e Holloway enquanto o primeiro é mostrado como um bad boy e foge amedrontado ao primeiro sinal de perigo o segundo é descartado da trama sem causar impacto. Além disso o filme deixa várias questões sem resposta pois já tem uma continuação planejada para o ano de 2015 e mesmo que essas questões sejam interessantes creio que o filme funcionaria melhor com uma estrutura que lhe desse mais autonomia e não dependesse tanto de um filme vindouro.
     Mesmo com os supracitados problemas o filme acerta no seu caprichado visual. Quanto ao elenco o destaque é Michael Fassbender que com a usual competência demonstrada em filmes como "Bastardos Inglórios" e "X-Men-Primeira Classe" interpreta o andróide David que está em uma missão secreta e é responsável por alguns do melhores momentos do filme: seja cuidando da tripulação em estado de hibernação, discutindo a relação entre criador e criatura, utilizando-se de uma ousada técnica empírica para transformar um ser humano em cobaia ou descobrindo a terrível verdade sobre os Engenheiros é David que tem o olhar frio para analisar a situação e aos poucos vai criando uma consciência baseada em seu anseio por mais conhecimento e a belíssima cena do mapa estelar é o melhor exemplo disso.


      Para quem acompanha a série desde o começo um dos melhores momentos é a aparição do primeiro alien. Depois de romper o abdômen de seu hospedeiro temos um bom tempo para observar a nova criatura que é , pelo menos no visual, um pouco diferente daquela do filme original mas igualmente assustadora.  
       Em suma, os problemas de Prometheus atrapalham mas não comprometem a qualidade do filme pois ele diverte e também nos faz pensar em questões filosóficas referentes ao sentido da vida mas não restam dúvidas que, pelos talentos envolvidos na predução o resultado poderia ser melhor.

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