segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ali


     Se "Quando Éramos Reis" é um documentário sobre a luta histórica de Muhammad Ali  contra George Foreman no Zaire em 1974, o filme Ali de Michael Mann complementa este relato sobre o ídolo do boxe de uma maneira que abrange aspectos apenas mencionados no supracitado documentário. O filme de 2001 é uma biografia parcial do controverso lutador e relata os acontecimentos mais relevantes de sua vida entre os anos de 1964 e 1974. A obra mostra em detalhes a conquista do título mundial aos 22 anos; a mudança de nome, sua relação com o islamismo e com o ativista Malcolm X; a perseguição sofrida quando se negou a servir o exército na Guerra do Vietnã e perdeu o título; suas relações com as mulheres, amigos, equipe e família; seu declínio (acentuado com a derrota para Joe Frazier) e sua volta por cima ao vencer Foreman.
     Um dos méritos do filme é mostrar todo o carisma do lutador, falastrão e engraçado Ali ridicularizava os adversários mas essa postura arrogante fazia parte de sua imposição perante uma sociedade desigual. A interpretação de Will Smith é soberba mostrando que o ator tem talento ( quando não está preocupado em ser uma caricatura de um homem negro e fazer pose para a câmera) e sua composição do personagem engloba todos os trejeitos de Ali, seu jeito de falar, o modo de golpear e Smith "desaparece" no personagem. Qualquer cineasta que não se apegue a didatismos merece crédito e nesse filme Mann deixa por conta do espectador interpretar à sua maneira os sentimentos de Ali sobretudo quando ele se relaciona com a população do Zaire em uma belíssima cena onde o lutador vê desenhos reveladores paredes das casas pobres do país africano. Outro destaque são as bem filmadas cenas de luta onde a câmera acompanha a perspectiva dos lutadores quando golpeiam ou são golpeados e a cena em câmera lenta do nocaute de Foreman é espetacular.
     Dotado de um bom roteiro e excelentes aspectos técnicos Ali nos ajuda a compreender melhor um homem que sempre lutou por tudo em que acreditava, que continua lutando contra o mal de Parkinson e tem um vasto e belo legado que não deve ser ignorado pelas novas gerações.  

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