sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Tropa De Elite

     Lançado no ano de 2007, "Tropa De Elite" narra o cotidiano e as agruras do Capitão Roberto Nascimento ,brilhantemente interpretado por Wagner Moura, comandante da equipe ALFA do BOPE ( Batalhão de Operações Especiais) em sua busca por um substituto, pois sua esposa Rosane (Maria Ribeiro) está grávida. Ambientado no ano de 1997 e narrado pelo protagonista o filme também mostra paralelamente dois aspirantes da PM do Rio de Janeiro e grandes amigos, Neto (Caio Junqueira) e André Matias ( André Ramiro), até que seus caminhos cruzem  com o de Nascimento.
     Ao entrar na PM e conviver com o Cap. Fábio (Milhem Cortaz) os supracitados "aspiras" encontram diversos obstáculos para a execução de seu trabalho ante a corrupção existente dentro da corporação policial. Nas ruínas da oficina o estourado Neto não consegue verbas para fazer os reparos necessários nas viaturas e ainda tem que lidar com o fato de seus superiores não se importarem com o furto de motores novos dentro do próprio batalhão apenas para citar um exemplo. Já para o inteligente Matias sobra a organização das ocorrências, trabalho este que, quando concluído gera estatísticas que tem por objetivo salvaguardar os cidadãos mas também é ignorado pelos superiores. Ao aprofundar-se nesse "Sistema" e tentar lutar contra ele Neto e Matias acabam em uma situação de extremo perigo que força a intervenção de Nascimento e sua equipe. Impressionados com a eficácia do BOPE, os aspirantes inscrevem-se no curso de formação das Operações Especiais e caberá a um deles substituir um  emocionalmente combalido Cap. Nascimento. 
     "Tropa De Elite" defende que as incursões do BOPE nas favelas cariocas são consequência do uso de drogas por parte das classes mais abastadas e não por acaso estão presentes na trama os universitários Maria (Fernanda Machado), Roberta (Fernanda de Freitas) e Edu (Paulo Vilela) ,sendo que, este último além de usuário também é traficante. O filme causou polêmica pelas suas cenas de tortura e violência e pelo discurso radical de Nascimento. Quando o filme vazou na Internet e se tornou alvo da pirataria, alcançou um público estimado em 11 milhões de pessoas (nos cinemas apenas 2,5 milhões) e criou um fenômeno cultural sem precedentes na cultura brasileira com a repetição de seus bordões. Mas vale lembrar que mais do que um  "filme de momento", "Tropa De Elite" tem algo extremamente relevante a ser dito sobre a violência urbana e com seu carisma e usando a farda preta utilizada pelos soldados do BOPE, Nascimento se faz ouvir com eloquência.
Coronel Nascimento Osso Duro De Roer...

      No recém lançado "Tropa De Elite 2-O Inimigo Agora É Outro" Roberto Nascimento enfrenta esferas mais altas de corrupção, uma vez que, os policiais corruptos mostrados no primeiro filme acabam se tornando "peixes pequenos" perante toda a sujeira e torpeza apresentada nessa sequência. 
     Passados alguns anos desde os eventos do primeiro filme Nascimento agora é Coronel e logo no princípio do filme comanda a operação que tem por objetivo conter uma rebelião no presídio de Bangu 1. O desfecho dessa intervenção do Bope tem consequências distintas e definitivas para o Cel. e seu amigo e subordinado Cap. Matias, enquanto o primeiro é promovido a subsecretário de segurança do Rio de Janeiro o segundo é rebaixado e volta a usar a farda azul da PM convencional.
     Em seu novo cargo Nascimento transforma o BOPE em uma máquina de guerra que destrói a indústria do tráfico de entorpecentes no Rio de Janeiro, entretanto os policiais corruptos se adaptam e na falta do "arrego" oriundo dos traficantes assumem o comando das favelas fornecendo serviços como "proteção", tv a cabo, internet etc. Formam-se assim as milícias que são comandadas pelo Major Rocha (Sandro Rocha) e que por sua influência junto a população das favelas acabam se transformando em peças fundamentais para práticas eleitoreiras.  


     O "Sistema" apresentado no primeiro filme mostra-se no segundo possuir ramificações muito  maiores do que podemos imaginar e é capaz de tudo para manter seu poder, adaptando-se conforme suas necessidades. Para combater o "Sistema" quando sua família é jogada no meio do fogo cruzado e prosseguir em sua  incansável busca por justiça, Nascimento terá que usar suas habilidades como guerreiro e também lutar  por vias que não fazem parte de seu cotidiano. "Tropa De Elite 2..."  vai mais longe que seu antecessor pois possuí um inteligente viés político já que aliados aos policiais corruptos estão alguns deputados e até o governador do Rio de Janeiro.
CONCLUSÃO
     O roteiro de “Tropa de Elite” foi escrito pelo diretor do filme José Padilha e pelo roteirista Bráulio Mantovani através dos relatos do ex-capitão do BOPE Rodrigo Pimentel. A obra foi taxada de fascista na época de seu lançamento por muitos críticos e intelectuais por utilizar a visão do policial em relação ao problema da criminalidade. É claro que muitos que caem na marginalidade são pessoas que não tiveram chance na vida e não encontraram outra opção a não ser o crime (fato este que não é ignorado por Nascimento mas ele reage de acordo com sua função nesse cenário) entretanto vale lembrar que um policial é treinado para o combate e arrisca sua vida diariamente enfrentando a criminalidade sem poder hesitar no uso de violência em diversas situações. 
     Acreditando que esse contexto de violência urbana ainda tinha muito mais coisa a explorar -e impedindo que "Tropa De Elite" se transformasse em uma série de tv para não perder o controle artístico- Padilha e Mantovani desenvolveram a história da continuação que além das operações nas favelas e da corrupção da PM convencional se concentra nas dificuldades que Nascimento enfrenta perante a militância dos direitos humanos, a formação das milícias e a politicagem que tem por objetivo obter votos em detrimento da segurança da população.   
     Os embates entre o militante dos direitos humanos Diogo Fraga (Irandhir Santos) e Nascimento também se destacam no segundo filme pois tecem uma crítica sobre a retórica (dialogando diretamente com os detratores do primeiro filme) de quem as vezes se posiciona baseado apenas em aspectos teóricos, sem conhecer na prática as implicações reais daquilo que estão opinando e nesse aspecto destaca-se a frase do personagem de Wagner Moura logo no início da projeção:"Tem muito intelectualzinho de esquerda que ganha a vida defendendo vagabundo e o pior é que eles fazem a cabeça de muita gente.", ou seja, estando de fora é mais fácil julgar e também falar besteira. 

     Quero deixar bem claro que independentemente de qualquer posicionamento ideológico que você possa ter ao assistir os filmes o importante é refletir sobre esse tema tão polêmico e relevante pra nossa sociedade, para tal terminarei este post com mais uma  frase impactante de Nascimento: "Pra mudar as coisas vai demorar muito tempo. O "Sistema" é foda...ainda vai morrer muito inocente".CAVEIRA!!!

2 comentários:

  1. Aposto q depois de 3 anos vc ainda não viu e sendo assim não pode comentar sobre algo q nem assistiu rsrsrsrsrsrs.Mas ta valendo a polêmica é interessante.

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  2. http://ondeoventofazacurvalagoinha.blogspot.com/2011/10/como-fazer-uma-faxina.html#links

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