sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O Doce Cheiro da Tristeza Paira Sobre a Terra


     Durante milhares de anos o planeta Melancolia orbitava atrás do Sol mas quando  muda sua rota o impacto com o planeta Terra é apenas uma questão de tempo. Um mote dessse poderia gerar um filme-catástrofe típico dos lançamentos cinematográficos do verão norte-americano, com correria em busca de salvação e um número grande de efeitos especiais. No entanto o cineasta  Lars Von Trier criou uma história intimista focada nas irmãs Justine (Kirsten Dunst) e Claire ( Charlotte Gainsbourg) diante da tragédia eminente no belíssimo filme Melancolia ( Melhancholia, 2011).
     Dividido em 2 partes, cada uma com o nome de uma das irmãs, o filme primeiro utiliza o casamento de Justine para criticar as convenções sociais que criam um mundo de aparências quando tudo está ruindo e deprimida a noiva quer fugir de algo que a faria mais infeliz do que já é. Na segunda parte, focada em Claire, quando o impacto de Melancolia está mais próximo a relação das irmãs é desenvolvida com a interferência de John ( o marido de Claire interpretado por Kiefer Sutherland) que está ressentido com a cunhada. Quando John sai de cena as diferenças entre Claire e Justine ficam mais evidentes.
     Von Trier mais uma vez cria uma história focada na força de personagens femininas e a covardia de John diante da tragédia é a maior evidência disso. Enquanto Claire vive dentro de uma estrutura social convencional, e almeja um fim "festivo", o niilismo de Justine a deixa mais próxima de Melancolia,ou seja, da aceitação.
     Com uma abertura bela e sublime ao som de Richard Wagner e câmera lenta, um dos maiores méritos do  roteiro é tratar a desolação dos personagens isolados do mundo em uma casa de campo. Justine se destaca por entender melhor do que todos o que se passa e sua nudez banhada pela luz de Melancolia deixa isso bem claro. Com uma visão diferente de um tema desgastado pelo cinema Melancolia tem que ser visto não só pela sua originalidade mas também pelo modo que aborda as relações interpessoais,sobretudo as familiares. 

sábado, 27 de agosto de 2011

Era Uma Vez no Oeste

 
     Depois de recriar o combalido gênero do faroeste com a "Trilogia dos Dólares" (composta por Por um Punhado de Dólares, de 1964, Por uns Dólares a Mais, de 1965 e Três Homens em Conflito, de 1966), e consequentemente renovar o interesse pelas histórias de cowboys, o diretor italiano Sergio Leone concebeu no ano de 1968 o que muitos consideram sua obra-prima, o excelente Era Uma Vez no Oeste.
     Charles Bronson é Harmonica, um personagem muito similar ao Homem Sem Nome interpretado por Clint Eastwood na Trilogia dos Dólares, e busca vingança contra Frank ( o excelente Henry Fonda) um bandido que trabalha para o inescrupuloso empresário Morton ( Gabrielle Ferzetti). Paralelamente o filme apresenta a viúva- e ex-prostituta- Jill McBain (Claudia Cardinalle) e o carismático fora-da-lei Cheyenne (Jason Robards). Quando os caminhos desses personagens se cruzam a história se torna um interessante retrato do chamado velho-oeste ante a chegada do progresso, em um contexto muito bem apresentado através de um trem, e o comportamento de homens à margem da lei diante dessas mudanças.
     O maior mérito de Era Uma Vez no Oeste é o modo como Leone combinou os elementos cinematográficos (desde o roteiro passando pela fotografia e edição de som tudo é muito bem feito) e obteve um resultado final magnífico. O roteiro desenvolve bem os personagens e o ritmo lento não é sinal de um filme parado mas sim de um bom desenvolvimento uma vez que cada acontecimento crucial da trama é precedido por cenas que geram uma grande expectativa em quem assiste o filme. Esse aspecto é muito bem demonstrado no antológico duelo final onde só depois de 2 horas e 28 minutos descobre-se o que motiva a vingança de Harmonica.  
     O elenco também está excelente ( com destaque para a bela Claudia Cardinalle que esbanja sensualidade e infelizmente se negou a mostrar os seios em uma cena do filme) e a câmera de Leone sabe captar cada expressão dos atores que brilhantemente executam as nuances de seus personagens. A música de Ennio Morricone também se destaca pois ajuda a compor o clima certo para todas as cenas.
     Mais do que um marco do faroeste Era Uma Vez no Oeste é uma referência na história do cinema pois diverte com seus diálogos e cenas de ação mas também emociona por humanizar os personagens em uma terra sem lei onde só os mais fortes , e rápidos, sobreviviam.

P.S: Por problemas técnicos ainda não foi possível inserir as imagens para ilustrar este post. 

domingo, 24 de julho de 2011

Linear Notes-Agora é Tarde

          É de conhecimento geral que a qualidade de programação da tv aberta melhora muito em horários mais avançados. Novelas sem graça e programas populares de quinta categoria dão lugar a noticiários, bons filmes e séries e também a programas de variedades com um conteúdo diferente do que é exibido durante todo o dia. Nesse último caso se destacam programas como A Liga, Profissão Repórter e o engraçadíssimo Agora é Tarde.  
     Comandado pelo "CQC" Danilo Gentili o programa da Band ( que vai ao ar às quartas e quintas-feiras a partir da 23:45) é recheado de humor inteligente e politicamente incorreto em quadros hilários como o "Passou na TV" e a "Mesa Vermelha" . Além do stand-up e das divertidas entrevistas  de Gentilli, a atração conta com as reportagens hilárias de Murilo Couto e Léo Lins além dos comentários (im)pertinentes de Marcelo Mansfield e do acompanhamento musical da banda Ultraje a Rigor.


     No ar há quase um mês o programa evoluí e deixa pra trás as dificuldades de ritmo que enfrentava no começo e conta com artistas talentosos que tiram sarro de tudo e de todos não poupando nem mesmo os colegas com quem dividem o palco. Sem dúvida um grata surpresa do fim de noite na TV o "Agora é Tarde" diverte e mostra que com esforço e boas idéias é possível criar bons programas na TV aberta brasileira e que, mesmo que esses programas sejam exibidos tarde da noite, vale a pena ficar acordado poe mais algum tempo.

domingo, 19 de junho de 2011

X-Men-Primeira Classe


     O quadrinista Stan Lee tem em seu currículo a criação de alguns dos maiores ícones das histórias em quadrinhos da segunda metade do século XX. Homem-Aranha e Hulk são apenas alguns dos personagens criados por esse visionário que sempre tentou dar aos seus personagens características que os aproximassem das pessoas comuns. A busca de Lee por um estofo realista às suas histórias culminou no ano de 1963 com a criação de uma HQ chamada X-Men em que mutantes desprezados pela sociedade lutavam por aceitação. O que tornava X-Men mais interessante era seu subtexto, ou seja, uma metáfora da luta dos negros pelos direitos civis e para tal a história utilizava personagens emblemáticos para simbolizar ativistas da época: enquanto Charles Xavier, representando o moderado Martin Luther King, almejava a igualdade entre humanos e portadores do gene X, seu amigo Eric Lehnsher também conhecido como Magneto, representando o radical Malcolm X, buscava a supremacia da raça mutante. 
     No ano 2000 o cineasta Brian Synger concebeu o filme X-Men que, mesmo mostrando pessoas com super-poderes, conseguiu dar um tom realista ao debate sobre preconceito. O sucesso do filme gerou 2 sequências ( eu ignoro o filme horroroso de Wolverine) que mostravam os embates ideológicos de Xavier e Lehnsher e agora em 2011 um prequel revela como os dois se conheceram e mostra porque, mesmo em lados opostos, eles  mantem uma relação de respeito e afeto, trata-se do excelente X-Men-Primeira Classe (X-Men- First Class) dirigido por Mathew Vaughn. O início do filme se passa em 1944 e mostra o sofrimento de Erik em um campo de concentração na Polônia (o que inclui o assassinato de sua mãe) enquanto Charles vive em uma confortável mansão em New York e conhece a metamorfa Raven. Já nos anos 60 o télepata Xavier ( James McAvoy) é um professor de genética que é chamado pelo governo americano para auxiliar na captura do terrorista mutante Sebastian Shaw ( Kevin Bacon)  e  Lehnsher (Michael Fassbender) , que tem o poder de controlar o metal, viaja o mundo à caça de nazistas para concretizar sua vingança. Quando os caminhos de Erik e Charles se cruzam caberá aos dois liderarem a equipe de mutantes que deve impedir que Shaw e sua equipe  destruam o mundo.  
     Mesmo que a trama seja simples o roteiro a desenvolve de maneira soberba pois contextualiza a história dos mutantes com a Crise dos Mísseis em Cuba, explora as motivações dos protagonistas, possui questionamentos existenciais ( sobretudo no arco de Raven, a Mística e Hank Mckoy, o Fera) e utiliza os mutantes recrutados por Xavier e Magneto para criar uma interessante discussão sobre a passagem para a vida adulta quando eles devem aprender a lidar com seus poderes e assumir responsabilidades. Todo o elenco é competente e tanto as cenas de ação quanto os efeitos especiais são fluentes com a história, com destaque para a cena em que Magneto levanta um submarino e a batalha final.
     Uma das coisas mais legais é descobrir a origem dos personagens e observar os protagonistas de uma perspectiva diferente daquela apresentada nos filmes anteriores. Além disso estão no filme elementos essenciais como o Cerébro, o jato e mansão onde Xavier recolhe seus alunos e os ensina a conviver com seus poderes e a controla-los. Sem dúvida Primeira Classe é um dos melhores filmes do ano pois diverte e também nos faz pensar já que está na inteligência de seu roteiro seu maior mérito.Imperdível.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Se beber, não faça sequências!


     Sabe quando você ouve uma piada e acha extremamente engraçada? Algum tempo depois você escuta novamente a piada e até acha engraçada mas percebe que a sensação é diferente daquela que você sentiu ao ouvir a anedota pela primeira vez, pois foi exatamente isso que senti vendo um dos filmes mais esperados desse ano, Se Beber, Não Case! Parte II.
     No primeiro filme, lançado em 2009, os atrativos eram: o inusitado humor politicamente incorreto e os personagens carismáticos (sobretudo Alan, interpretado por Zach Galifianakis) contando a história de um grupo de amigos que depois de uma noite de farra, para celebrar uma despedida de solteiro, em Las Vegas acordam em meio a um caos no quarto do hotel - com direito a um tigre no banheiro e um bebê-  sem qualquer lembrança do que aconteceu e ainda por cima não fazem idéia do paradeiro do noivo, usando algo comum, nesse caso uma ressaca, o filme é genial e o riso  flui diante das situações hilárias vividas pelo "bando de lobos" em busca do companheiro perdido.
     Na Parte II a premissa é a mesma só que dessa vez quem está prestes a se casar, em um resort na Tailândia, é o dentista Stu (Ed Helms). Emular a estrutura da obra original não seria um problema se o roteiro explorasse outras possibilidades mas infelizmente tudo é uma cópia exagerada, e as vezes de mau gosto, do primeiro filme. Alan, Stu e Phil ( Bradley Cooper) acordam em um hotel barato em Bangcoc e em buscas de respostas na capital tailandesa cruzam com Chow ( o bandido chinês do primeiro filme interpretado por Ken Jeong), monges, travestis e bandidos só que dessa vez a criatividade e a imprevisibilidade dão lugar ao tédio e a falta de graça das piadas e em diversas passagens o filme fica com um tom violento.
     Decepção é a palavra que pode definir o que senti vendo o filme porque depois de "Se Beber, Não Case!" e "Um Parto de Viagem" (Duo Date, 2010) eu esperava que o diretor Todd Philips brindasse o público com mais uma obra-prima do humor masculino adulto mas infelizmente as boas piadas são poucas e não são suficientes para salvar o filme. O mais engraçado disso tudo é que mesmo com as "qualidades" que citei acima o filme é um sucesso e já se começa a pensar na terceira parte. Só bebendo pra  dar risada...  

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Obras-Primas Perdidas...Fanboys


     Quem me conhece há mais de 10 anos sabe o quanto a saga Star Wars foi importante para mim durante a minha adolescência. Qualquer revista, jornal ou programa de TV cujo assunto fosse a saga criada por George Lucas me interessava, também não foram poucas as vezes  que eu discuti com pessoas por conta dos filmes da série (inclusive em uma festa rsrsrs) e até mesmo já utilizei os temas abordados nos filmes como mote de apresentações escolares, ou seja, eu era um fanático. Sendo assim nada mais normal que apreciar um filme, cujos eventos ocorrem no ano de 1998, em que um grupo de amigos fãs da saga resolve invadir o Rancho Skywalker com o intuito de roubar uma cópia de "Star Wars-Episódio I- A Ameaça Fantasma" para que um deles,com câncer terminal, veja o filme antes de morrer , trata-se do excelente e menosprezado Fanboys (idem,2008) dirigido por Kyle Newman.
     Eric Botler ( Sam Huntington), Linus (Chris Marquette), Windows ( Jay Baruchel ), Hutch (Dan Fogler) e Zoe (Kristen Bell) atravessam o país em um furgão equipado parecendo uma nave para chegar até a sede da empresa de George Lucas em San Francisco, California. Como todo road-movie que se preze o caminho será tortuoso e extremamente engraçado. Fãs de Star Trek, cafetões irados, bloggers, a polícia e problemas mecânicos são apenas alguns dos percalços que o grupo deve enfrentar.

     Além de situações hilárias o filme conta com participações especiais de diversos comediantes consagrados ( Will Forte, Seth Rogen, Craig Robinson, Kevin Smith, Jason Mewes etc.) e atores do elenco de Star Wars como Carrie Fischer e Billy Dee Willians. Outros destaques são: a edição de som que utiliza diversos "ruídos" (sabres de luz, naves e por aí vai) da saga intergaláctica em várias cenas e o visual que por vezes emula os filmes da trilogia clássica.

     O grande trunfo do roteiro é dosar bem as medidas de comédia e drama, ou seja, é engraçado na medida certa sem exageros, mas caricato de uma maneira sútil e não é piegas ao tratar da doença de Linus além de conter em seu subtexto uma interessante discussão sobre a passagem para  a vida adulta através de personagens carismáticos e bem interpretados. Para os fãs de Star Wars, Fanboys é um filme especial pois capta bem a essência das pessoas que por diversas razões amam essas obras e presta uma bela homenagem não só ao trabalho de George Lucas mas a cada um dos nerds que um dia já brincaram de ser jedi e é claro eu não poderia encerrar este post de outra maneira que não fosse dizendo: "Que a Força esteja com você."

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Mito da Caverna, na sociedade e no cinema.

     Presente no livro VII de "A República", o Mito da Caverna escrito por Platão permanece atual mesmo depois de séculos que foi concebido, além de gerar discussões, diversas interpretações e  mesmo com um mote  aparentemente simples essa história nos faz refletir sobre o mundo que vivemos. Imaginemos pessoas acorrentadas desde seu nascimento à rochas dentro de uma caverna e com um raio de visão limitado à uma parede dessa caverna. A única coisa que essas pessoas vislumbram (ou seja seu conceito sobre o mundo) em seu confinamento são sombras projetadas na supracitada parede. Quando uma dessas pessoas é libertada de seu cárcere e tem a chance de conhecer tudo o que está fora da caverna tal indivíduo não irá acreditar em nada que lhe será dito apenas naquilo que via nas cavernas e entende como o mundo. O que pode libertar a mente dessa pessoa quando este passar e explorar o exterior da caverna é o conhecimento. 
     O conhecimento pode desmistificar os conceitos do indivíduo outrora acorrentado e lhe mostrar que aquelas sombras não passavam de uma ilusão. Contextualizando O Mito da Caverna para a sociedade contemporânea existem várias instituições- como religião ou meios de comunicação em massa somente para citar alguns exemplos- que limitam o potencial de absorção de conhecimento da maioria das pessoas que assim como os personagens da obra de Platão irão rechaçar qualquer conceito diferente daquele em que acreditam. O conhecimento que segundo Platão é essencial para a evolução das pessoas faz parte de um complexo mundo denominado intangível ou metafísico ( do grego meta = além e physis = físico, ou seja o mundo além do que é físico), sendo o mundo tangível abrangido por tudo aquilo que podemos tocar, cheirar etc. e acredito que a  simbiose entre estes dois mundos resulte em nosso cotidiano.
    Como um simples exemplo imagine uma cadeira, agora imagine que você mova essa cadeira feita de madeira de um ponto denominado A até um ponto denominado B. Até mesmo este simples ato nos mostra a combinação entre o mundo tangível e o intangível, explica-se: a cadeira é feita de madeira e ao tocá-la, ao movê-la isso acontece no mundo físico e para que isso aconteça é necessário que a pessoa pense, tenha a idéia de mover a cadeira e antes disso foi necessário que essa cadeira fosse fabricada e a idéia de fazê-la partiu de um propósito oriundo de um mundo que não pode ser tocado mas que se expressa quando movemos o objeto. Os propósitos, as idéias precisam ser expressos no mundo físico e este por sua vez precisa do mundo intangível para que não tomado por um total imobilismo. 

Matrix e A Origem-Entrando na caverna

     Além de vertiginosas e empolgantes cenas de ação os filmes Matrix (idem, 1999) e A Origem (Inception, 2010) possuem em seus excelentes e elaborados enredos várias citações à filosofia mas o que acredito serem os temas principais dessas obras remete até O Mito da Caverna.
    No filme de 1999, a humanidade encontra-se escravizada por máquinas dotadas de inteligência artificial (desenvolvida por homens) e essa inteligência se desenvolveu em um nível tão extremo que as máquinas se tornam capazes de simular um mundo virtual que os seres humanos ( presos através de uma espécie de hibernação constante muito semelhante às correntes na caverna descrita por Platão) consideram real. Somente "O Escolhido" , ou seja, uma figura messiânica representada por Neo (Keanu Reeves) pode conscientizar a humanidade e por um fim à guerra contra as máquinas. Entretanto com as mentes presas à Matrix os seres humanos tendem a se tornar protetores do que acreditam ser sua realidade pois não possuem o conhecimento da situação em que se encontram, voltando-se contra uma pequena parcela da humanidade que sabe exatamente o que está acontecendo .
     Já no filme de 2010, escrito e dirigido por Chistopher Nolan desde o princípio o personagem Dom Cobb (Leonardo Di Caprio) enfatiza o poder de uma idéia dizendo que trata-se do mais poderoso dos parasitas, que uma vez que uma idéia toma conta de uma mente é quase impossível erradicá-la. São as idéias que impulsionam Cobb, seja roubando-as ou tentando inserir uma nova na mente de Robert Fischer (Cillian Murphy) o trabalho dele baseia-se em invadir sonhos, também parte do mundo intangível, para que as atitudes sejam tomadas no mundo real. O protagonista enfatiza que idéias podem definir ou destruir (caso de sua esposa Mal, interpretada por Marion Cotillard) uma pessoa pois conhece a fundo as implicações que as mesmas tem sobre os atos dos seres humanos. Além dos fatores acima listados os filmes também apresentam similaridades no que diz respeito à separação de corpo e mente e ambos pregam que um não existe sem o outro.
     O que escrevi acima demonstra um pouco do que penso sobre o mito da caverna e suas influências mas cabe a cada pessoa interpretar a obra de Platão a seu modo. A grande questão é: as pessoas presas na caverna seriam mais felizes vivendo fora dela?

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Linear Notes-E o novo chefe é...?

     Mesmo com boas piadas a cada episódio já faz algum tempo que a série "The Office" caiu na mesmice pois os personagens encontravam-se deslocados em tramas que não exploravam a plenitude do potencial cômico de cada um dos funcionários da Dunder Mifflin. Mas tudo mudou quando o chefe Michael Scott (Steve Carrel) anunciou que iria se mudar para outro estado para viver com sua alma gêmea Holly Flax (Amy Ryan). Com o fim do contrato de Steve Carrel a principal questão levantada foi: quem será o novo Gerente Regional de Scranton?
     Antes de responder a essa pergunta era preciso que "O Melhor Chefe do Mundo" (mesmo sendo idiota e arrogante ele é uma boa pessoa e um negociador competente)  tivesse um fim digno depois de tanto tempo na empresa e o 22° episódio da sétima temporada cuidou muito bem disso. Engraçado e emocionante "Goodbye Michael" deu ao público a chance de ver Michael se despedindo de cada um de seus colegas ( as cenas com Dwight e Jim são sensacionais) e como de costume criando situações divertidas.

That's what she said.

     A princípio tudo indicava que a vaga ficaria com DeAngelo Vickers, mas a participação de seu interprete Will Ferrel estava programada para apenas 4 episódios, e depois de um grave ( e engraçado) acidente foi a vez de Vickers deixar o cargo de gerente da empresa. Na seqüência desses eventos coube a Dwight assumir temporariamente a função de gerente, mas após mostrar que é incapaz de fazê-lo de maneira segura (rsrsrsrsrsrsrs) a proprietária da empresa Jo (Kathy Bates) criou uma comissão para escolher um novo chefe e enquanto a comissão não conclui seus trabalhos a empresa será gerenciada pelo funcionário mais experiente, ou seja,o demente Creed Braton.
     No season finale chamado "Search Committtee", com 1 hora de duração, que será exibido esta noite Jim, Toby e Gabe irão entrevistar os candidatos Fred Henry ( Will Arnett), Merv Bronte (Ray Romano), Robert California (James Spader), Nellie Bertrum (Catherine Tate) um personagem que desconheço o nome interpretado por Jim Carrey e até David Brent ( protagonista da versão inglesa e interpretado por Rick Gervais). Tudo indica que Catherine Tate ficará com o lugar de Steve Carrel, o que particularmente acho interessante pois isso pode criar uma dinâmica feminista na série e gerar boas piadas principalmente com  Dwight.




     Independente de quem assumir o lugar fico feliz pois essa mudança até agora gerou bons episódios e sei que os fãs podem se acostumar com a ausência de Carrel pois a série trata das relações das pessoas em seu local de trabalho.Acredito que com inteligência e explorando as habilidades do elenco os roteiristas podem fazer com que "The Office" se renove de uma maneira com que sua qualidade não decaia na próxima temporada. 


terça-feira, 26 de abril de 2011

Scream 4 Me


     Em uma época em que a criatividade se tornou artigo de luxo em Hollywood fazendo com que reboots, adaptações de quadrinhos, remakes e sequências tardias de sucessos oitentistas saturem o mercado é louvável que uma obra, nesse caso o quarto filme de uma série , consiga dialogar com a geração de adolescentes da nova década sem perder os elementos que consagraram seus antecessores na segunda metade da década dos anos 90 e esse é o caso do filme Pânico 4 (Scream 4, 2011). Dirigido por Wes Craven e com roteiro de Kevin Willianson o primeiro filme, de 1996, foi um sopro de vida para um gênero que estava desgastado e gerou-além de continuações- várias imitações e até uma boa paródia chamada Todo Mundo em Pânico (Scary Movie, 2000). 


     Notória por sua metalinguagem que brinca com os clichês do gênero de terror ( criticar um personagem que corre escada acima ao invés de sair pela porta da frente e minutos depois fazer o mesmo, somente para citar um exemplo) e uma competente construção do suspense a série Pânico fez sucesso por ser uma alternativa permeada de originalidade e citações pop.

  
     No quarto filme Sydney Precott (Neve Campbell) volta para Woodsboro para encerrar a turnê de divulgação de seu livro de auto-ajuda e reencontra os amigos-agora casados- Dewey (David Arquette) e Gale ( Courtney Cox). Para o azar da bela heroína Ghostface também está de volta para celebrar o aniversário do massacre ocorrido no primeiro filme e com o início de um novo morticínio de adolescentes (as cenas iniciais são fantásticas) Sydney novamente se vê ameaçada e recebe dos jovens da pequena cidade a alcunha de Anjo da Morte.


      O roteiro, além de homenagear os filmes anteriores e utilizar as já citadas referências à cultura pop ( sim, eles tem cacife pra dizer que Jogos Mortais é ruim)  , possuí piadas excelentes que fluem em diálogos bem escritos e equilibra isso com as cenas de terror bem executadas por Wes Craven. O elenco todo está  bem mas é claro que o elenco original se sobressai e os novos atores não demonstram as qualidades necessárias para segurar um filme sozinhos-ou iniciar uma nova trilogia como dizem alguns rumores- mas isso não compromete o resultado final.


    Enfim Pânico 4 introduz a franquia no século XXI e para isso nada mais normal que inserir na história elementos tecnológicos indispensáveis para os jovens de hoje e que estão em forte sintonia com as motivações do assassino(?). Desde já um dos melhores e mais divertidos filmes do ano por assustar o espectador e saber conscientemente rir de si mesmo.




segunda-feira, 25 de abril de 2011

Obras-Primas Perdidas...Descontrole

     Exibido pela TV Bandeirantes entre os anos de 2002 e 2003 Descontrole, apresentado por Marcos Mion, foi um dos programas mais criativos e inteligentes da televisão brasileira na última década. Com um formato diferenciado do padrão nacional de programas de auditório Descontrole utilizava metalinguagem para fazer uma crítica ácida e ao mesmo tempo burlesca da má qualidade vigente na tv aberta brasileira. 
     Oriundo da MTV o filósofo e ator Marcos Mion levou para a Bandeirantes atrações que já eram consagradas em seu canal anterior-como fazer imitações de videoclipes e mostrar os "tropeços" não só em videoclipes mas também na programação da própria Band- e acrescentou quadros como Guerrilhas Urbanas e diversas farsas ( a mulher burra e gostosa necessária em debates, o teste de fidelidade onde a platéia zombava de potencial namorado traído somente para citar alguns exemplos) que visavam mostrar o quão ilusório os programas de TV podem ser. Outro fator de destaque eram as engraçadas e interessantes entrevistas. A equipe de Mion era composta por tipos extremamente engraçados; como Cidão, Corvo, Dragon, Black Ninja, Anão etc; e que contribuíam para deixar tudo mais "tosco".

     Infelizmente o programa Descontrole não foi bem aceito pelo público e pela crítica que não entenderam que se tratava de algo revolucionário e inovador. Menosprezado e em busca de audiência o programa se tornou Sobcontrole que era basicamante apoiado no carisma do apresentador e na clássica e chata gincana entre colégios que não eram suficientes para manter o interesse. A supracitada mudança visava transformar o programa em algo mais palatável ao grande público que era acostumado a programas sem graça e com fórmulas tão antigas quanto a própria TV e por isso eram raros os momentos inspirados.
     Descontrole tentou ensinar os jovens a desenvolverem senso crítico, divertiu e fez pensar além de influenciar programas que vieram depois como por exemplo o Pânico na TV! ( que inclusive importou produtores da atração comanada por Marcos Mion) mas infelizmente foi ignorado e por isso merece figurar entre as obras-primas perdidas. 

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ali


     Se "Quando Éramos Reis" é um documentário sobre a luta histórica de Muhammad Ali  contra George Foreman no Zaire em 1974, o filme Ali de Michael Mann complementa este relato sobre o ídolo do boxe de uma maneira que abrange aspectos apenas mencionados no supracitado documentário. O filme de 2001 é uma biografia parcial do controverso lutador e relata os acontecimentos mais relevantes de sua vida entre os anos de 1964 e 1974. A obra mostra em detalhes a conquista do título mundial aos 22 anos; a mudança de nome, sua relação com o islamismo e com o ativista Malcolm X; a perseguição sofrida quando se negou a servir o exército na Guerra do Vietnã e perdeu o título; suas relações com as mulheres, amigos, equipe e família; seu declínio (acentuado com a derrota para Joe Frazier) e sua volta por cima ao vencer Foreman.
     Um dos méritos do filme é mostrar todo o carisma do lutador, falastrão e engraçado Ali ridicularizava os adversários mas essa postura arrogante fazia parte de sua imposição perante uma sociedade desigual. A interpretação de Will Smith é soberba mostrando que o ator tem talento ( quando não está preocupado em ser uma caricatura de um homem negro e fazer pose para a câmera) e sua composição do personagem engloba todos os trejeitos de Ali, seu jeito de falar, o modo de golpear e Smith "desaparece" no personagem. Qualquer cineasta que não se apegue a didatismos merece crédito e nesse filme Mann deixa por conta do espectador interpretar à sua maneira os sentimentos de Ali sobretudo quando ele se relaciona com a população do Zaire em uma belíssima cena onde o lutador vê desenhos reveladores paredes das casas pobres do país africano. Outro destaque são as bem filmadas cenas de luta onde a câmera acompanha a perspectiva dos lutadores quando golpeiam ou são golpeados e a cena em câmera lenta do nocaute de Foreman é espetacular.
     Dotado de um bom roteiro e excelentes aspectos técnicos Ali nos ajuda a compreender melhor um homem que sempre lutou por tudo em que acreditava, que continua lutando contra o mal de Parkinson e tem um vasto e belo legado que não deve ser ignorado pelas novas gerações.  

Elefante


     No dia 20 de abril de 1999 o Instituto Columbine, localizado no condado de Jefferson no estado do Colorado, foi o palco de um massacre que chocou todos os EUA e também o mundo. Eric Harris e Dylan Klebold entraram atirando na escola e assassinaram 13 pessoas, feriram 21 e se suicidaram findo seu brutal (mas nas mentes desses garotos redentor) rompante de truculência. No ano de 2003 o cineasta Gus Van Sant utilizou a tragédia  não apenas para relatar o quão perdidos estavam aqueles garotos, que tiveram uma atitude drástica em relação aos anos de humilhações que sofreram na escola, mas também para retratar a juventude sem perspectivas do final do século passado e início desse século.
     Elefante (Elephant, 2003) é inspirado no fatídico episódio de 20 de abril de 1999 e pelo ponto de vista de diversos estudantes-John, Elias, Michelle, Nathan,Brittany, Jordan e Nicole- acompanhamos o cotidiano de uma escola onde anorexia, alcoolismo, humilhação, esperanças e sonhos desfeitos são recorrentes nas vidas desses jovens cujas idade variam entre 16 e 18 anos. Os caminhos que se cruzam em corredores imensos e a frieza dos adultos indiferentes às necessidades e dificuldades dos alunos tecem um triste painel que ganha contornos ainda mais dramáticos quando os atiradores iniciam seu plano de ataque. O realismo do tiroteio é acentuado pela falta de música e pelos estampidos secos dos tiros que aos poucos começam a dizimar alunos e professores e conseqüentemente gerar pânico. 
     Gus Van Sant, que também escreveu o roteiro,utiliza a câmera para acompanhar os personagens de perto e com isso faz com que a imersão na obra se torne mais profunda sobretudo quando Eric e Dylan entram na escola vestidos com roupas do exército e armados. Bem escrito o filme emociona e faz pensar (sobretudo depois do massacre ocorrido no Rio de Janeiro) sobre as relações interpessoais que podem deteriorar  pessoas  de uma forma tão abrupta que para expressar seu sofrimento tais pessoas acabem pegando em armas e destruindo muitas outras vidas.

domingo, 20 de março de 2011

Falsa Loura


     Mesmo com a crescente atenção dada ao cinema nacional por parte do público, algumas excelentes obras ainda passam despercebidas e esse é o caso de Falsa Loura, do ano de 2008, filme escrito e dirigido por Carlos Reinchenbach. O filme conta a história de Silmara (Rosanne Mulholland) uma operária de fábrica que depois de tirar o macacão de trabalho se revela uma bela mulher que chama atenção por onde passa e vive com o pai desempregado (e misterioso) em um bairro pobre.
     A maior diversão de Silmara é ir ao Clube Alvorada aos finais de semana e é lá que se iniciam eventos marcantes na vida da garota quando ela vai assistir um show da banda "Bruno e seus Andrés". Depois de se encantar com Silmara, o vocalista da banda chamado Bruno ( Cauâ Reymond) conduz a garota pelo que parece ser um conto de fadas e eles iniciam um affair. No entanto Bruno revela-se não o homem romântico que Silmara imaginava mas sim um canalha que a ilude e a ofende. Logo após esses eventos os contatos de Antero (João Bourbonnais), o pai de Silmara, conduzem a garota até o cantor romântico Luís Ronaldo (Maurício Mattar) para que ela apenas seja sua acompanhante durante um final de semana (pelo menos é isso que fazem ela acreditar), o que na verdade se revela um caso de prostituição.
     A temática de Falsa Loura é interessante pois Reinchenbach trata de ilusões e sonhos desfeitos. Silmara é vítima de sua beleza-tornando -se assim  apenas um objeto de desejo e prazer-  tem fantasias com os cantores que admira mas quando os conhece percebe que eles não são diferentes dos homens com quem convive no dia-a-dia. O trunfo de Falsa Loura é equilibrar as fantasias bregas e caricatas de Silmara com o impacto de realidade que a garota sofre ao fim do filme e nesse aspecto o contraponto entre as letras cafonas de Bruno e Luís Ronaldo com a simbólica nudez de Silmara ( em que entendemos o nome do filme) é soberba. O resultado é um filme que faz rir por sua cafonice mas que é realista e dramático ao abordar as conseqüências das decepções sofridas por uma garota que apesar de aparentar ser forte na verdade é ingênua e sonhadora assim como muitas outras de nosso país.  

quarta-feira, 16 de março de 2011

Quando Éramos Reis

       30 de outubro de 1974 foi um dia histórico para os admiradores do esporte e em especial para os fãs do boxe. Foi nesse dia que Muhammad Ali nocauteou o grande campeão George Foreman em uma performance surpreendente. Todo o clima acerca da luta e a preparação dos lutadores está presente no excelente documentário "Quando Éramos Reis" , de  1996, dirigido por Leon Gast.
     A luta histórica aconteceu no Zaire, atual Congo, por razões políticas e o documentário acompanha a chegada de cada um dos atletas e as recepções por parte do povo local sendo que Foreman foi hostilizado enquanto Ali foi aclamado e os africanos bradavam o tempo todo Ali bohma ye! , ou seja,  Ali mate-o. Na época o Zaire era governado pelo ditador Mobutu ( que fez questão de eliminar os grandes criminosos do país e tornar as ruas mais seguras) e para o país foi um grande honra receber um evento tão grandioso e de repercussão internacional paralelamente à luta aconteceu um festival de Black Music, e ambos foram promovidos pelo polêmico Don King. Por desistir de servir o exército americano na Guerra do Vietnâ,  Ali perdeu seu título mundial e fora derrotado anos antes por Joe Frazier e estava totalmente desacreditado o que fazia de Foreman o grande favorito do combate.
     O documentário mostra detalhes do treinos dos 2 pugilistas: enquanto Foreman aplicava poderosos socos em seus sparings e no saco de areia, Ali treinava técnicas de esquiva e preparava seu corpo para receber golpes duros. Depois de um acidente durante um treino de Foreman a luta que estava marcada para o dia 25 de setembro foi adiada e isso só serviu para aumentar a ansiedade de todos. No dia 30 de outubro depois de muita espera tinha início uma das melhores lutas de todos os tempos. Ali dominou seu adversário física e psicologicamente demonstrando a Foreman estar amedrontado ( o que na verdade era parte de sua estratégia) ao fim do 1° round e levando golpes potentes, desse modo a luta prosseguiu até o 8° round. Quando percebeu o cansaço de Foreman, Ali viu que era a hora de leva-lo a nocaute e para tal usou poucos mas fortíssimos golpes. 




     Além de abordar a façanha de Muhammad Ali- nascido Cassius Clay, mas que mudou o nome quando se converteu ao islamismo- em cima do ringue o documentário mostra que mesmo que parecendo arrogante  Ali foi um dos melhores boxeadores de todos os tempos e um grande militante dos direitos civis, sendo um dos principais nomes ao lado de Bob Dylan na luta para libertar o pugilista Rubin "Hurricane" Carter da cadeia quando este foi preso injustamente por um crime que não cometeu ( tema de um futuro post).
     A liderança política do lutador seja mostrando todo seu orgulho em ser negro, lutando pela paz, se conectando às suas origens africanas ( o que lhe garantiu o apoio total da população do Zaire), a importância de seu legado para as novas gerações são enfatizados através de depoimento de jornalistas e do cineasta Spike Lee o que transforma "Quando Éramos Reis" não apenas no relato de uma luta de boxe mas também de um grande homem que deve ser valorizado por suas brilhantes ações. 

Além da Vida


     Desde pequenos somos constantemente apresentados à morte. Esse é um fato que infelizmente  faz parte da vida de todos até que chegue a nossa hora. Ver uma pessoa morta nos desperta diversos sentimentos: tristeza, dor, saudade e em muitos casos até remorso. Várias são explicações e os mistérios sobre esse tema e tanto a ciência quanto a religião possuem suas teorias sobre o que acontece depois que a vida de alguém chega ao fim. Utilizando algo tão intenso e presente na vida de todos o octagenário ator e diretor Clint Eastwood concebeu o filme "Além da Vida" (Hereafter,2011) no qual aborda esse tema  de maneiras distintas.
     A jornalista francesa Marie Lelay (Cécile de France) está de férias na Tailândia quando a cidade em que se encontra é devastada por um tsunami, arrastada pela onda gigante ela vislumbra o que seria o pós vida. Marie é salva e ao retornar a vida decide compartilhar com diversas pessoas sua experiência e isso irá lhe custar o emprego e até a relação com o namorado. Na cidade San Francisco reside George Lonegan (Matt Damon) que depois de sofrer uma lesão cerebral na infância adquiriu o "dom" de conectar-se a pessoas falecidas e enviar mensagens a seus entes queridos. Depois de muito sofrimento e querendo seguir adiante com sua vida George resolve parar de utilizar sua habilidade mediúnica mas é constantemente procurado, fato este que destrói alguns aspectos de sua vida pessoal. Em Londres os gêmeos de 12 anos de idade James e Marcus ( George e Frankie McLaren) enfrentam unidos os problemas que surgem em decorrência do vício em álcool de sua mãe. Quando James  morre Marcus tenta de várias maneiras comunicar com o irmão pois não consegue lidar com o luto e fica cada vez mais solitário depois que sua mãe é encaminhada para a reabilitação e ele vai parar em um lar adotivo.
     De maneira natural as histórias desses três personagens se cruzam e eles se ajudam de alguma maneira. Um dos maiores trunfos do filme é não adotar nenhum posicionamento religioso sobre o assunto e o maior consolo que cada um dos personagens pode obter é prosseguir com suas vidas. Eastwood desenvolve bem cada história e o filme possuí  cenas trágicas e marcantes como o já citado tsunami, o atropelamento de James e a explosão do metrô de Londres e a combinação desses elementos resulta em mais uma bela obra do cineasta.
     Após o término do filme somos instigados a refletir sobre a morte e assim pude concluir que o melhor a fazer é viver a vida não em detrimento pelos que se foram mas de modo que o amor por essas pessoas e as boas lembranças estejam sempre presentes em nossas mentes e corações.         

domingo, 13 de março de 2011

Nonsense Posts- A Hipnose da proteção de tela.

          Quem me conhece bem ou acompanha meus posts sabe que sou um grande apreciador de comédia feita com inteligência e qualidade. Sou um grande fã de piadas feitas com situações cotidianas pois elas causam uma empatia muito grande por parte de público é assim com o stand-up, Seinfeld e, como estou tendo o prazer de descobrir recentemente, a versão americana de The Office série na qual estou viciado e que em uma semana já assisti 3 temporadas quase ininterruptamente.
     De tempos em tempos sou acometido de um ataque de risos quando vejo algo muito engraçado ( pauso o programa e rio como um louco por uns 5 minutos) e uma das últimas vezes que isso ocorreu foi quando eu vi a piada de Family Guy com as cabeçadas do ex-jogador de futebol Zinedine Zidane. Novamente tive um ataque de risos, dessa vez por já ter vivido a situação mostrada na série que narra o cotidiano da distribuídora de papel Dander Mifflin.
     Todo mundo que já viu a proteção de tela de um aparelho de DVD fica louco esperando que o logotipo bata no canto na tela, o que raramente acontece. Me lembro que uma vez na faculdade meu amigo Matias mostrou um trecho do filme "Tiros em Columbine", de Michael Moore, e logo após prosseguiu com a apresentação de seu trabalho e quando a proteção de tela entrou eu fiquei hipnotizado, não existia mais nada além da minha preocupação para que aquele logotipo ,que trocava de cores a todo momento, atingisse o canto da tela.
     No terceiro episódio da quarta temporada de The Office, uma discussão sobre esse assunto começa e na sala de reuniões enquanto o  Michael Scott (Steve Carrel) fala bobagens, seus funcionários só prestam atenção na proteção de tela do aparelho de DVD.
      Enquanto o chefe permanece alheio ao acontecimento mais interessante da sala os outros personagens (e o público) ficam tensos a espera do choque do logotipo com o canto da tela , que eventualmente acaba ocorrendo e causa muita alegria em todos principalmente em Michael que acredita ter sido o responsável por tanto entusiasmo. Sensacional. Confira esse trecho do episódio no vídeo abaixo e divirta-se se você já passou por essa situação.



quinta-feira, 10 de março de 2011

Dark Side of The Moon


     30 milhões de cópias vendidas, 400 mil delas vendidas no Brasil, 724 semanas entre os discos mais vendidos da Billboard e até os dias de hoje, ou seja, 38 anos após seu lançamento Dark Side of The Moon vende 250 mil cópias por ano. O segredo da longevidade da obra-prima do Pink Floyd reside no empenho da banda em produzir música de alta qualidade e nas letras concebidas pelo baixista e vocalista Roger Waters, que abordam temas relevantes a todos nós.
     A própria banda considera que Dark Side of The Moon é uma peça unica e todo o desenvolvimento da obra simboliza uma vida, por essa razão o álbum se inicia e termina com as batidas de um coração. Ansiedade, medo, ganância, solidão,a relação das pessoas com o tempo, amor, ódio e loucura estão presentes no disco. Aliado aos talentos de David Gilmour na guitarra e nos vocais, Richard Wright nos teclados e Nick Mason na bateria  Waters encaixou perfeitamente suas letras e assim surgiu um disco que não é somente um marco do rock progressivo mas sim da história da música. O trabalho dos músicos de apoio também é excelente com destaque para o saxofonista  Dick Parry em Money e Us & Them e da cantora Clare Torry em sua fantástica performance em The Great Gig in the Sky.
     Desde a simples mas bela e emblemática capa Dark Side of The Moon encanta tanto pelo seu conceito quanto pela sua sonoridade e a sincronia do disco com o filme "O Mágico de Oz" ( The Wizard of Oz, 1939) é um dos fatores que o torna ainda mais interessante, seria tal sincronia proposital ou a maior das coincidências? O fato é que a aura mística e ao mesmo tempo realista que permeia Dark Side of The Moon faz com que ouvir esse disco se transforme em uma experiência enriquecedora para nossas mentes e nossos espíritos.  
P.U.L.S.E, Morumbi e um livro excelente

     Lançado em 1995 o disco P.U.L.S.E contém a gravação de uma performance do Pink Floyd da turnê de divulgação do disco The Division Bell e o destaque é o segundo disco em que  Dark Side of The Moon é tocado ao vivo e na integra. O vídeo dessa apresentação é fantástico e contando com uma luxuosa produção a banda proporciona um incrível espetáculo de luz e som. Sem dúvida um grande presente para os fãs.

  
     
          Nos anos 80 Roger Waters deixou o Pink Floyd por dissidências com seus bandmates. Em sua carreira solo o baixista promoveu turnês com suas versões dos clássicos de sua antiga banda um dos destaques foi o show The Wall em Berlin, que ocorreu pouco tempo depois  da queda do muro que separava a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental. Em 2007 a  turnê Dark Side of The Moon de Waters veio ao Brasil para 2 shows um no Rio de Janeiro em 23 de março e outro em São Paulo no dia seguinte, apresentação essa que tive o prazer de prestigiar no estádio do Morumbi.
     Cheguei ao estádio horas antes do início do espetáculo (afinal meu ingresso era de um setor da arquibancada) e comprei uma camiseta do show. Durante as horas de espera me diverti vendo as diversas pessoas que passavam por mim para ocuparem seus lugares e me senti feliz pois vi que entre os admiradores da obra do Pink Floyd estavam pessoas de diversas faixas etárias e muitas famílias reunidas. Quando o Waters entrou no palco passava um pouco das 21h e a alegria foi geral, mas azarado que sou comecei a me sentir mal. Mesmo assim aproveitei o espetáculo e fui a loucura quando um gigante porco inflável contendo frases de protesto fez um vôo por todo o estádio.
      Logo após a passagem do porco um pequeno intervalo e quando o astro voltou era a hora de Dark Side of The Moon. Me empolguei e cantei emocionado todas as músicas do célebre disco de 1973, o coro de 45 mil pessoas fez com que eu percebesse que mesmo estando desacompanhado eu não estava, de maneira nenhuma, sozinho. É justo que eu agradeça aos membros de minha família que me ofereceram hospedagem em São Paulo e me conduziram até o estádio e dessa maneira contribuíram para que durante aquele espetáculo eu fosse imensamente feliz.



          Lançado em 2006 o livro "Dark Side of the Moon- Os bastidores da obra-prima do Pink Floyd", é uma grande fonte de informação sobre o disco. Escrito pelo jornalista John Harris o livro relata  a gênese da banda, os problemas de Syd Barret ( vocalista, guitarrista e um dos fundadores do Pink Floyd), aspectos da   criação do álbum que da nome a este post e a repercussão do mesmo após seu o lançamento. Um brilhante registro da concepção de uma obra marcante  pois seu conceito transpõe as barreiras de tempo, atravessa gerações e permanece atual mesmo depois de quase 40 anos de seu lançamento. Tenho a esperança que a longevidade desse disco seja ainda maior e sendo assim muitas pessoas poderão apreciar o melhor trabalho de uma das melhores bandas de todos os tempos.
 

sexta-feira, 4 de março de 2011

Obras Primas Perdidas...Mystery Science Theater 3000: The Movie


     Sabe quando você está com um grupo de pessoas assistindo um filme e todos começam a zombar do filme que está sendo exibido? Todos ridicularizam as situações da obra, fazem piadas sobre tudo e "completam" as falas dos atores. Essa é a premissa genial da série de TV Mystery Science Theater 3000, série esta pouco conhecida pelo público americano e que nunca foi exibida no Brasil mas que no ano de 1996 gerou uma hilariante versão cinematográfica que em nosso país recebeu o péssimo título de O Filme Mais Idiota do Mundo, mostrando que idiota mesmo foi o distribuidor que permitiu que o filme recebesse essa denominação.
     Em um futuro distante um cientista maluco chamado Dr. Forrester (Trace Baulieu) pretende dominar o planeta e para atingir seu propósito aprisiona Mike Nelson ( Michael J. Nelson) em uma nave espacial para que ele sirva como cobaia de um experimento que consiste em força-lo a ver os piores filmes já produzidos e conseqüentemente causar um colapso em sua mente. Se o experimento der certo com Mike o cientista tenciona expandir sua experiência em uma escala global e assim dominar o planeta Terra. Depois de vários fracassos Dr. Forrester faz uma última tentativa ao exibir um filme de 1954 chamado The Island Earth e nesta sessão Mike tem a companhia dos robôs Tom e Crow e juntos os 3 tecem comentários extremamente engraçados sobre a projeção.
        Com uma atmosfera trash e atores canastrões em interpretações caricatas o filme tem aspecto de produção do canal Nickelodeon mas mesmo assim consegue ser extremamente criativo e a solução visual de deixar as sombras dos espectadores do cinema é um  indicativo disso. Mesmo nos créditos finais os três personagens continuam soltando suas piadas e a empatia gerada pela situação dos protagonistas torna tudo mais divertido pois acredito que todos  já passaram por essa situação. 

     Aproveitando a deixa, abaixo irei listar algumas traduções absurdas de títulos de filmes aqui no Brasil, além do já citado "O Filme Mais Idiota do Mundo, temos:

     Inception-A Inserção acabou se tornando "A Origem"
    Young Guns II-Jovens Pistoleiros II virou "Jovem Demais Para Morrer"     
    Shawshank Redemption- Redenção em Shawshank se tornou "Um Sonho de Liberdade"
    Shaun of the Dead- Shaun dos Mortos recebeu o nome de "Todo Mundo Quase Morto"
    Date Night ou A Noite do Encontro foi batizado como "Uma Noite Fora de Série".

     E por aí vai...

quarta-feira, 2 de março de 2011

Mais Piadas de Escritório


    Nos últimos anos se tornou uma prática comum em Hollywood e na tv dos EUA era criar uma versão americana para um grande sucesso estrangeiro. Foi o caso de filmes como o "O Chamado"( The Ring, 2003) que adaptou a história de terror do filme japonês "Ringu" e com diversas outras obras. É claro que as versões concebidas na América do Norte não possuem a mesma originalidade de suas fontes de inspiração e por vezes deturpam os conceitos das obras originais. Mesmo que seja impossível alcançar o patamar de qualidade dos produtos estrangeiros existem poucos casos em que o produto criado na terra do Tio Sam seja tão bom quanto o que lhe deu origem e também explore de maneira criativa outros aspectos que a história permite e esse é o caso da versão norte-americana de "THE OFFICE", série que está atualmente em sua 7ª temporada.
     Produzida por Rick Gervais e Stephen Merchant, os criadores da série inglesa, a série americana mantém os principais elementos que consolidaram o sucesso de "The Office", ou seja, a aparência de um documentário e as características gerais dos personagens principais; o chefe Michael Scott (Steve Carrel) é um idiota arrogante, tem o assistente chato chamado Dwight (Rainn Wilson), assistente esse que é alvo constante das gozações e pegadinhas dos colegas Jim(John Krasinski) e Pam (Jenna Fischer) casal que além de sacanear o colega mala, alimenta uma relação platônica. O que a diferencia "The Office US" de sua contraparte britânica é falta de sutileza e isso não é de modo algum um demérito.
     Mesmo que a estrutura seja a mesma da série original e algumas situações sejam iguais, na série americana tudo é mais espalhafatoso, mesmo que os bons atores americanos não tenham a mesma aparência de pessoas comuns que o elenco britânico possuí e os personagens por vezes beirem a caricatura os roteiros escritos de forma inteligente dão conta de compilar tudo em excelentes piadas que são caracterizadas por constrangimento e humor negro ao explorar o cotidiano dos funcionários da distribuidora de papel Dunder Mifflin.   
     Cada série se adequa ao público de seu país. Se a versão inglesa prioriza a introspecção e deixa muitas interpretações por conta do público a série americana vai por um caminho diferente mas sem abandonar as qualidades de sua "matriz" e o importante é que seja na terra da rainha ou nos EUA a marca "The Office" é sinônimo de humor bem feito algo que infelizmente muitos humoristas brasileiros parecem desconhecer.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Piadas de Escritório


     Pluralidade, acredito que essa seja a melhor maneira de definir um ambiente de trabalho seja tal ambiente da iniciativa privada ou uma repartição pública. Reunir diversas pessoas, cada uma com sua idiossincrasia, e transformá-las em uma equipe é um grande desafio pois é comum que ocorram divergências no dia-a-dia. Cabe ao chefe, em teoria alguém mais experiente e mais sensato, coordenar cada setor para que a execução do trabalho de cada um  dos funcionários,que devem ser constantemente motivados, seja cada vez mais eficiente gerando assim o almejado crescimento da produtividade no caso das empresas particulares e da eficiência no caso do setor público. 
     Conscientes do potencial humorístico de relatar o cotidiano de um ambiente de trabalho, neste caso o escritório de uma distribuidora de papel, Rick Gervais e Stephen Merchant desenvolveram no ano de 2001 a excelente série "THE OFFICE" para a BBC de Londres.No escritório da Wherham Hogg chefiado por David Brent ( interpretado pelo próprio Gervais) as relações entre os funcionários-com destaque para Tim Caterburry (Martin Freeman), Dawn Tinsley (Lucy Davis) e Gareth Keenan (Mackenzie Crook)- geram situações extremamente divertidas por serem corriqueiras, como por exemplo, piadas sem graça sendo contadas, pegadinhas,discussões e por aí vai. 
    David Brent é um chefe que se acha engraçado, se diz amigo de todos, faz de tudo pra aparecer,seja contando piadas ridículas ou dançando, mas na verdade é um cretino ( eu já tive um chefe assim) e a expressão corporal de Gervais deixa o personagem mais engraçado em uma interpretação genial.

    O amor platônico de Tim (meu personagem favorito pois me identifico com ele em vários aspectos) e Dawn é outro ponto forte da série, com uma bela e engraçada amizade muitos são os percalços para que eles possam ficar juntos.
     Os personagens de apoio também são excelentes e garantem ótimos momentos. Com muita criatividade ao abordar um tema tão comum a todos "The Office" possuí um elenco que dá um excelente estofo burlesco e em alguns momentos até dramáticos aos personagens.
    Com roteiros inteligentes, dotados de sutileza, humor negro e momentos constrangedores ( sobretudo quando se trata de David Brent) "The Office" sai da mesmice e outro fator de qualidade da série é seu interessante aspecto de documentário/ reality show que faz com que os personagens interajam com a câmera através de depoimentos ou hilários momentos de vergonha e isso aumenta a empatia com o público. "The Office" teve apenas 12 episódios divididos em duas temporadas entre os anos de 2001 e 2002 e 2 episódios especiais exibidos em 2003 (onde o propósito da BBC era voltar depois de um intervalo de tempo e saber como estava a vida daquelas pessoas, além de amarrar as pontas soltas do episódio final) que foram suficientes para criar uma legião de fãs por todo o mundo e gerar uma versão americana protagonizada pelo comediante Steve Carrel. 
    Cativante em sua simplicidade e astuta em sua execução a série é sem dúvida uma das melhores que já tive o prazer de assistir por fazer piada com o chato, mas essencial em nossas vidas, ambiente de trabalho.


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"Oh boy is well to say: good morning U.S.A."


     Depois dos ataques terroristas cometidos pela Al-Qaeda no dia 11 de setembro de 2001, o orgulho dos norte-americanos ficou ferido e isso se refletiu  na cultura pop, por exemplo, filmes como "Homem-Aranha" (Spiderman, 2002) e "Homens de Preto II" (MIB II, 2002) tiveram que deletar cenas passadas nas torres gêmeas do World Trade Center e vilões de origem árabe se tornaram mais caricatos. Somando esse fator à política externa de George W. Bush caracterizada pelo belicismo e pela ausência de diplomacia era de se esperar que a xenofobia tomasse conta dos E.U.A.  
     Satirizando todo esse contexto surgiu em 2005 a série animada "American Dad", criação de Seth MacFarlane ( também criador de "Family Guy"). O protagonista, que desde a canção de abertura mostra seu patrotismo exacerbado e o amor pela família é  Stan Smith  um idiota, severo e conservador agente da CIA que diariamente luta contra ameaças terroristas e tem que lidar com sua complicada família: sua esposa Francine é frustrada; sua filha de 18 anos Hayley é liberal e suas ideologias vão contra tudo o que Stan acredita; seu filho Steve é um nerd sempre preocupado em conquistar garotas e não demonstra os mesmos interesses que o pai. Um dos fatores mais interessante da série é que ao invés de um cão de estimação a família Smith convive com um alienígena foragido chamado Roger e um peixe dourado que possuí o cérebro de um esquiador alemão chamado Klaus, afinal durante a Guerra Fria os americanos não poderiam permitir que um atleta oriundo de um país comunista vencesse as Olímpiadas.
    "American Dad" utiliza o humor para sintetizar a sociedade americana depois dos supracitados ataques terroristas, ou seja, paranóica e assustada (além de uma inesgotável fonte de piadas mesmo com o país enfrentando duas guerras intermináveis) e Stan representa isso de maneira fantástica pois está sempre de arma em punho, é extremamente preconceituoso com seus vizinhos de ascendência árabe e com seu discurso moralista e ufanista é responsável por excelentes piadas. O choque entre a vida pessoal e a vida profissional de Smith   também é um diferencial pois é comum que o agente vá até o  laboratório da CIA em busca de algo que possa lhe auxiliar na "resolução" dos problemas de sua família e acaba sempre criando diversas confusões.
     Com roteiros bem escritos, permeados de piadas inteligentes e personagens cativantes e carismáticos, "American Dad" também tem uma produção caprichada pois sua animação é de alta qualidade e a dublagem muito bem executada. Seth MacFarlane mais uma vez acumula funções-criador, produtor, roteirista, dublador- e junto de sua equipe entrega ao público entretenimento de alto nível que nos diverte mas também nos faz pensar sobre o contexto político contemporâneo.