Durante milhares de anos o planeta Melancolia orbitava atrás do Sol mas quando muda sua rota o impacto com o planeta Terra é apenas uma questão de tempo. Um mote dessse poderia gerar um filme-catástrofe típico dos lançamentos cinematográficos do verão norte-americano, com correria em busca de salvação e um número grande de efeitos especiais. No entanto o cineasta Lars Von Trier criou uma história intimista focada nas irmãs Justine (Kirsten Dunst) e Claire ( Charlotte Gainsbourg) diante da tragédia eminente no belíssimo filme Melancolia ( Melhancholia, 2011).
Dividido em 2 partes, cada uma com o nome de uma das irmãs, o filme primeiro utiliza o casamento de Justine para criticar as convenções sociais que criam um mundo de aparências quando tudo está ruindo e deprimida a noiva quer fugir de algo que a faria mais infeliz do que já é. Na segunda parte, focada em Claire, quando o impacto de Melancolia está mais próximo a relação das irmãs é desenvolvida com a interferência de John ( o marido de Claire interpretado por Kiefer Sutherland) que está ressentido com a cunhada. Quando John sai de cena as diferenças entre Claire e Justine ficam mais evidentes.
Von Trier mais uma vez cria uma história focada na força de personagens femininas e a covardia de John diante da tragédia é a maior evidência disso. Enquanto Claire vive dentro de uma estrutura social convencional, e almeja um fim "festivo", o niilismo de Justine a deixa mais próxima de Melancolia,ou seja, da aceitação.
Com uma abertura bela e sublime ao som de Richard Wagner e câmera lenta, um dos maiores méritos do roteiro é tratar a desolação dos personagens isolados do mundo em uma casa de campo. Justine se destaca por entender melhor do que todos o que se passa e sua nudez banhada pela luz de Melancolia deixa isso bem claro. Com uma visão diferente de um tema desgastado pelo cinema Melancolia tem que ser visto não só pela sua originalidade mas também pelo modo que aborda as relações interpessoais,sobretudo as familiares.
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