30 de outubro de 1974 foi um dia histórico para os admiradores do esporte e em especial para os fãs do boxe. Foi nesse dia que Muhammad Ali nocauteou o grande campeão George Foreman em uma performance surpreendente. Todo o clima acerca da luta e a preparação dos lutadores está presente no excelente documentário "Quando Éramos Reis" , de 1996, dirigido por Leon Gast.
A luta histórica aconteceu no Zaire, atual Congo, por razões políticas e o documentário acompanha a chegada de cada um dos atletas e as recepções por parte do povo local sendo que Foreman foi hostilizado enquanto Ali foi aclamado e os africanos bradavam o tempo todo Ali bohma ye! , ou seja, Ali mate-o. Na época o Zaire era governado pelo ditador Mobutu ( que fez questão de eliminar os grandes criminosos do país e tornar as ruas mais seguras) e para o país foi um grande honra receber um evento tão grandioso e de repercussão internacional paralelamente à luta aconteceu um festival de Black Music, e ambos foram promovidos pelo polêmico Don King. Por desistir de servir o exército americano na Guerra do Vietnâ, Ali perdeu seu título mundial e fora derrotado anos antes por Joe Frazier e estava totalmente desacreditado o que fazia de Foreman o grande favorito do combate.
O documentário mostra detalhes do treinos dos 2 pugilistas: enquanto Foreman aplicava poderosos socos em seus sparings e no saco de areia, Ali treinava técnicas de esquiva e preparava seu corpo para receber golpes duros. Depois de um acidente durante um treino de Foreman a luta que estava marcada para o dia 25 de setembro foi adiada e isso só serviu para aumentar a ansiedade de todos. No dia 30 de outubro depois de muita espera tinha início uma das melhores lutas de todos os tempos. Ali dominou seu adversário física e psicologicamente demonstrando a Foreman estar amedrontado ( o que na verdade era parte de sua estratégia) ao fim do 1° round e levando golpes potentes, desse modo a luta prosseguiu até o 8° round. Quando percebeu o cansaço de Foreman, Ali viu que era a hora de leva-lo a nocaute e para tal usou poucos mas fortíssimos golpes.
Além de abordar a façanha de Muhammad Ali- nascido Cassius Clay, mas que mudou o nome quando se converteu ao islamismo- em cima do ringue o documentário mostra que mesmo que parecendo arrogante Ali foi um dos melhores boxeadores de todos os tempos e um grande militante dos direitos civis, sendo um dos principais nomes ao lado de Bob Dylan na luta para libertar o pugilista Rubin "Hurricane" Carter da cadeia quando este foi preso injustamente por um crime que não cometeu ( tema de um futuro post).
A liderança política do lutador seja mostrando todo seu orgulho em ser negro, lutando pela paz, se conectando às suas origens africanas ( o que lhe garantiu o apoio total da população do Zaire), a importância de seu legado para as novas gerações são enfatizados através de depoimento de jornalistas e do cineasta Spike Lee o que transforma "Quando Éramos Reis" não apenas no relato de uma luta de boxe mas também de um grande homem que deve ser valorizado por suas brilhantes ações.
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