Exibido pela TV Bandeirantes entre os anos de 2002 e 2003 Descontrole, apresentado por Marcos Mion, foi um dos programas mais criativos e inteligentes da televisão brasileira na última década. Com um formato diferenciado do padrão nacional de programas de auditório Descontrole utilizava metalinguagem para fazer uma crítica ácida e ao mesmo tempo burlesca da má qualidade vigente na tv aberta brasileira.
Oriundo da MTV o filósofo e ator Marcos Mion levou para a Bandeirantes atrações que já eram consagradas em seu canal anterior-como fazer imitações de videoclipes e mostrar os "tropeços" não só em videoclipes mas também na programação da própria Band- e acrescentou quadros como Guerrilhas Urbanas e diversas farsas ( a mulher burra e gostosa necessária em debates, o teste de fidelidade onde a platéia zombava de potencial namorado traído somente para citar alguns exemplos) que visavam mostrar o quão ilusório os programas de TV podem ser. Outro fator de destaque eram as engraçadas e interessantes entrevistas. A equipe de Mion era composta por tipos extremamente engraçados; como Cidão, Corvo, Dragon, Black Ninja, Anão etc; e que contribuíam para deixar tudo mais "tosco".
Infelizmente o programa Descontrole não foi bem aceito pelo público e pela crítica que não entenderam que se tratava de algo revolucionário e inovador. Menosprezado e em busca de audiência o programa se tornou Sobcontrole que era basicamante apoiado no carisma do apresentador e na clássica e chata gincana entre colégios que não eram suficientes para manter o interesse. A supracitada mudança visava transformar o programa em algo mais palatável ao grande público que era acostumado a programas sem graça e com fórmulas tão antigas quanto a própria TV e por isso eram raros os momentos inspirados.
Descontrole tentou ensinar os jovens a desenvolverem senso crítico, divertiu e fez pensar além de influenciar programas que vieram depois como por exemplo o Pânico na TV! ( que inclusive importou produtores da atração comanada por Marcos Mion) mas infelizmente foi ignorado e por isso merece figurar entre as obras-primas perdidas.
É sei que faltaram algumas coisas mas a memória falhou um pouco. Sem dúvida foi a melhor coisa que o Marcos Mion fez e uma das coisas mais menosprezadas da cultura brasileira.
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