quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Dizem Que Nenhum Homem é Uma Ilha

Perdidos, Afinal...
  
     Como definir "Lost"? No ano de 2004 era muito difícil responder a essa pergunta se pensarmos em toda sua complexidade e a força de suas histórias (que misturavam ficção-científica, ação, terror, comédia, filosofia, religião e drama) além de serem cercadas por muitos mistérios, mistérios estes que só cresceram no decorrer de suas 6 temporadas. Na verdade "Lost" revelou-se bem simples e agora, depois de seu final, é possível constatar que  tratou-se de  uma série inovadora que nos mostrou a jornada de pessoas diferentes, que se uniram e estavam destinadas a trilhar o mesmo caminho. 
     A jornada dessas pessoas começa quando o voô 815 da empresa Oceanic, que partiu de Sydney e tinha Los Angeles como destino, é abruptamente interrompido pela queda do avião. Os sobreviventes se organizam na ilha em que a aeronave caiu enquanto aguardam o resgate, mas aos poucos começam a se dar conta de que o socorro talvez nunca chegue e que a ilha, que agora são forçados a habitar, esconde nativos hostis e muitos segredos. A cada episódio era contada parte da história de um dos personagens fora da ilha: seu passado, seu futuro, como chegaram até aquele ponto, o que aconteceria se saíssem de lá e como seriam suas vidas se o avião nunca tivesse caído.
     Com um elenco talentoso e multi-racial (brancos, negros, coreanos, ingleses, etc), histórias inteligentes e bem escritas "Lost" desenvolvia seus personagens, ao mesmo tempo em que revelava alguns mistérios de sua mitologia e lançava muitos outros no ar. A série foi revolucionária não apenas pelos enredos interessantes, que prendiam a atenção dos fãs, mas também pela mobilização dos mesmos utilizando a grande ferramenta de  comunicação da década, a Internet. Diversas eram as teorias sobre os mistérios da ilha, a interação e troca de idéias, as equipes que passavam a madrugada toda fazendo legendas e disponibilizando os episódios para download. O poder dessa ferramenta era tão grande que os produtores criaram  conteúdos exclusivos para a Internet e esse material estava interligado aos episódios.
"...see you in another life, brother."
  
     O final de "Lost" até hoje divide opiniões, existem os que amam e os que odeiam. Os detratores de "The End", partes 1 e 2, alegam que foram enganados pelos produtores, que por 6 temporadas permearam os episódios de dúvidas e no fim pouco se explicou. Em parte estão certos pois muitas questões não foram elucidadas. Entretanto tudo depende do modo que se acompanha a série.
     Ursos polares em ilhas tropicais, monstro de fumaça preta, números misteriosos, estátuas com 4 dedos e inúmeras outras questões foram apresentadas no decorrer das temporadas e somente algumas foram esclarecidas. Acredito que os produtores deixaram os mistérios para que cada um resolva a sua maneira, ou seja, utilizando o próprio raciocínio e não absorvendo as informações de maneira "mastigada" e isso irritou muitas pessoas.
      Mas analisando todo o desenvolvimento de personagens pode-se concluir que os produtores levaram ao público um dos melhores finais de séries de todos os tempos. Emocionante e revelador quanto ao destino dos protagonistas, o fim do seriado realça os dramas relatados desde o princípio e redime cada um dos personagens, propiciando a eles a oportunidade de evoluir, resolvendo as pendências que lhes trouxeram sofrimento durante a vida. 
     Por muitos anos o legado de "Lost" irá perdurar, pois todas as emoções sentidas por seus fãs foram intensas e esse tipo de sentimento só é proporcionado por histórias humanas que geram empatia junto ao público e são bem contadas. A mensagem de esperança e redenção encerrou de maneira linda uma história memorável, seja por seus mistérios, o carisma de seus personagens e o amor que os unia ou suas frases icônicas "Lost" fez história na TV e definiu novas maneiras de entrar em contato com o público, algo primordial em uma era em que a informação é tão rápida e abundante. 

2 comentários:

  1. Ótimo post. Muito legal citar essa série, minha favorita, onde aprendi diversas coisas.. uma curiosidade, foi a que eu estada offline da vida durante os 4 primeiros anos da série, ouvia muito sobre os acontecimentos e com minha arrogancia latente desdenhava da grandeza dessa série. Um dia por curiosidade a conheci. Imediatamente me envolvi com a ilha. Desde então passei a acompanhar a série, e já estou assistindo novamente. Muito densa, personagens muito humanos, não apenas histórias mais sentimento e conhecimento. O que menos importou para mim foi o mistério, o incrível foi perceber o qto uma pessoa consegue ver e reagir com o que acontece consigo, aceitação, fuga, revolta, redenção? tudo isso num seriado só vivenciado por todos os personagens, que hora queriam permanecer, hora acreditavam na ilha, hora se revoltavam. A série se confundiu com o momento que vivi, desde 2006. Importante demais para meu entretenimento e engrandecimento pessoal. Passei a pensar em coisas das quais jamais acreditei pensar. Incrível. Parebens Vagner! ótimo post

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  2. Dude, você sabe que deixou de ser meu amigo ha muito tempo e que desde então é meu irmão. Ler suas palavras me emocionou muito.Eu sempre adorei essa série e o modo como ela agia na vida das pessoas através das emoções que gerava.Nos emocionamos, rimos, ficamos tensos e ao final regozijamos juntos com os personagens que encontraram o que todas as pessoas procuram na vida, a paz e a felicidade.Abraço. Brotha.

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