quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Andy Kaufman


     O que motiva um(a) humorista? disposto a levar alegria ao seu público,quem pratica o humor se veste de mulher (quando já não é uma, afinal existem muitas mulheres engraçadas), recebe volumosas tortadas na cara, leva chutes na bunda, por vezes se deprecia abdicando de sua "honra" e de sua "dignidade", somente para citar alguns exemplos, e tudo isso para proporcionar o riso à sua platéia. Como todo artista que se preze o papel de um humorista é despertar emoções no público, fazendo com que durante aquele breve momento de sua apresentação o único foco do espectador sejam as peripécias burlescas desenvolvidas pelo humorista. Muitos apenas fazem o básico, e até que são divertidos, mas outros vão além e com o passar do tempo ganham notoriedade a ponto de serem reconhecidos como gênios. O americano Andy Kaufman era um desses gênios mas...quem era esse cara?

     Mesmo hoje, 26 anos após sua morte, é extremamente difícil responder a essa pergunta. Kaufman era um vanguardista naquilo que fazia e na época em que ele estava vivo poucos perceberam isso. Parte relevante de sua inusitada e brilhante história está retratada no filme " O Mundo de Andy" ( Man on the Moon,1999), dirigido por Milos Forman e protagonizado por Jim Carrey nesta obra conhecemos a trajetória que levou o nome de Kaufman ao estrelato. Desde criança as tendências artísticas de Kaufman eram evidentes pois ele fazia pequenos shows para os membros de sua família. Já adulto e fazendo stan-up Andy foi descoberto pelo empresário George Shapiro (Danny de Vitto) e  ficou famoso ao interpretar o mecânico Latka na série "Taxi" transmitida pela ABC. Kaufman, dono de um visual peculiar marcado pelo cabelo e os olhos de um lunático, surpreendia a todos com suas performances que, descobria-se depois, não passavam de encenação. Brigas em programas ao vivo, personagens bizarros ( o melhor deles o cantor grosseiro Tony Clifton), lutas com mulheres e pegadinhas históricas faziam parte do repertório do artista, que passou a ser odiado por muitas pessoas que não sabiam distinguir suas farsas da realidade.
     Um dos momentos mais brilhantes do filme retrata o combate de luta-livre em que Andy Kaufman enfrentou o campeão Jerry Lawler. Kaufman insulta Lawler e seus conterrâneos da cidade de Memphis chamando-os de imundos e "apresentando" a todos artigos como sabonete e papel higiênico. O irado Lawler aplica golpes que lesionam o pescoço de Kaufman, prosseguindo o filme vemos que se tratava de mais uma armação e que Lawler era mais um dos comparsas de Kaufman, mas a catarse que o público ofendido obteve acreditando na lesão de Andy evidencia o conceito sobre o qual discorri no primeiro parágrafo deste post e mostra que as intenções do humorista eram mais amplas que o simples riso.
     O próprio Kaufman não se dizia um humorista (mas suas performances nos mostram o contrário) e sua conturbada e enigmática personalidade está bem retratada no filme de 1999. A relação com a família, os amigos, a namorada e seus cúmplices mostra que Andy era um homem diferente, que nunca expôs suas reais motivações mas  tencionava se tornar um grande artista. Com uma ótima interpretação de Jim Carrey conhecemos um pouco mais esse controverso personagem, rimos, nos emocionamos com sua prematura morte conseqüência de um câncer no pulmão ( os amigos e a família chegaram a pensar que a doença era mais uma de suas armações)  e chegamos a conclusão que o humorista é uma pessoa com um diferencial que no fim das contas não precisamos compreender, apenas apreciar.
     

2 comentários:

  1. Afinal.. o que somos todos nós.. pra que tentar entender o mundo ou as pessoas... temos que viver o momento... nada mais e reticencias denovo. o blog tá ótimo.. tirando o post sobre tropa de elite, o resto tá legal.

    Abraço

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