Russ Meyer foi um dos diretores mais polêmicos e geniais que já passou por Hollywood. Antes de ser cineasta Meyer foi cinegrafista de batalhas da II Guerra Mundial e um dos primeiros fotógrafos da revista "PLAYBOY", seus filmes independentes e criativos foram grandes expoentes da sexploitation (exploração da sexualidade) nos anos 60 e 70 e aficcionado por seios grandes como era suas obras ganharam notoriedade pelas belas atrizes exibindo seus dotes.
O único filme concebido por Russ Meyer produzido por um grande estúdio é exatamente o tema do post de hoje. Trata-se do que muitos (inclusive eu) consideram a obra-prima desse controverso cineasta, ou seja, "De Volta Ao Vale Das Bonecas" (Beyond The Valley of the Dolls, 1970). Ao assistir Vixen! (idem, 1968) os executivos da Fox se impressionaram com a qualidade de produção do filme, devido ao seu baixo orçamento de apenas 70 mil dólares, e contrataram Meyer para que junto do crítico de cinema Roger Ebert criassem a continuação do sucesso "O Vale Das Bonecas" ( Valley of the Dolls, 1967) estrelado pela belíssima Sharon Tate. Entretando a autora do livro que deu origem ao filme de 1967, Jacqueline Susann, vetou o projeto e coube a Meyer e Ebert criar uma sátira daquele universo abordado em "Vale Das Bonecas" até porque nenhum deles havia lido o livro de Sussan e tudo isso é explicado nos letreiros logo no início do filme.
"De Volta Ao Vale Das Bonecas" conta a história de uma banda de rock chamada "The Kelly Affair" que é formada por três lindas garotas, algo impensável para a época em que o filme foi produzido, são elas Kelly (Dolly Read) vocalista e guitarrista , Casey (Cynthia Myers) baixista e Pet (Marcia Mc Broom) baterista. Cansadas de tocar em bailes escolares elas partem para Los Angeles junto de seu empresário ,e também namorado da vocalista, Harris (David Gurian) onde pretendem buscar a fama e onde Kelly irá procurar por sua tia Susan Lake (Phyllis Davis) para reinvidicar parte de uma herança de família. Susan Lake, uma bem sucedida e relacionada publicitária, logo apresenta a banda ao empresário musical Ronnie "Z-Man" Barzell (um impecável e shakespeariano John La Zar) em uma festa e partir daí o grupo muda de nome passando a se chamar "The Carrie Nations" e alcança a fama rapidamente. Porém junto com o sucesso surgem os excessos hedonísticos como sexo e drogas e aos poucos as garotas começam a se sentir perdidas quando suas vidas tomam rumos inesperados.
Criado em uma época marcada pela liberação da juventude quanto a sua sexualidade, a ascenção e o desenvolvimento do rock 'n' roll" e o movimento hippie entre outros acontecimentos marcantes, o filme tem características psicodélicas e conseguiu captar e registrar muito bem o clima daqueles tempos com suas cores excessivas e sua excelente trilha sonora com destaque para as canções "Find It", "Come With The Gentle People", "Look On Up At The Bottom" e "In The Long Run". Um dos pontos baixos do filme é seu belo elenco , uma vez que Meyer não trabalhava com atores profissionais devido aos custos que isso traria, mas destaca-se John La Zar cujo personagem é responsável pela reviravolta do final do filme (que remete aos assassinatos cometidos pelos seguidores de Charles Manson). O roteiro exagerado e caricato varia seu tom pontuando o filme com momentos dramáticos, engraçados e românticos transformando a obra em um amálgama cinematográfico que é impossível definir em apenas um gênero.
Com a ousadia habitual de Meyer (que presenteia o público com uma bela cena de amor entre duas lindas mulheres), uma história bacana, aspectos técnicos impecáveis e uma bela mensagem de amor o filme está entre as Obras-Primas Perdidas porque infelizmente os trabalhos desse grande artista são pouco conhecidos no Brasil.
Tenho sim brotha, me passa seu endereço que eu te mando uma cópia.
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