quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Filosofia, Porrada E Sabonete


     Clube da Luta, o nome desse filme fez com que por muitos anos eu não quisesse assisti-lo. Pensando tratar-se de um filme violento e sem sentido (erro cometido até hoje por muitas pessoas que conheço)  eu esnobava a fita na locadora. Entretanto como as coisas boas da vida acontecem de repente fui surpreendido no ano 2003 em uma exibição do filme na tv.
     Vendo a obra prima de David Fincher tive uma experiência cinematográfica inusitada e reveladora. Lançado em 1999 o filme nos leva a reflexão sobre o vazio existencial que sentimos nos dias de hoje e mostra que as vezes o caminho deve ser aberto na porrada.
     Edward Norton interpreta um narrador sem nome (Jack???),  funcionário de uma empresa de seguros ele viaja por todos os EUA e sofre de insônia. Seu único prazer é fazer compras ( a cena em que a página do catálogo aos poucos se transforma em seu apartamento é soberba) e participar de grupos de apoio para pessoas doentes, nessas reuniões seu choro representa ao mesmo tempo seu desabafo e seu prazer fazendo com que ele consiga dormir novamente. Somente ao conhecer Tyler Durden (Brad Pitt), um vendedor de sabonetes, em uma de suas inúmeras viagens e ter seu apartamento destruído em um incêndio é que o Narrador passa a ter uma nova visão da vida.
     Forçado a morar com seu novo e peculiar amigo em uma casa em ruínas aos poucos o protagonista passa a deixar de valorizar o luxo de outrora e avaliar mais seus sentimentos,seus pensamentos.Juntos eles fundam o Clube da Luta que não consiste apenas em trocar socos com outro homem mas em se sentir vivo, sair da letargia provocada por um sistema de vida capitalista. O discurso inteligente de Tyler proporciona a cada um dos membros do clube uma jornada de conscientização e introspecção: "Não tivemos Grande Guerra, nem Grande Depressão. Nossa guerra é espiritual". O filme caminha com a evolução do personagem principal a procura de si mesmo-uma grande surpresa do filme-  e do Clube da Luta que adquire poder,muda seu nome para Projeto Caos, se torna uma ferramenta de controle da sociedade infiltrando-se em diversas instituições e converge para um evento de grande magnitude que tem por propósito causar  um colapso no sistema financeiro, acreditem ou não, a base de sabonete. 
     Mesmo violento em alguns momentos o filme é muito interessante pelos embates psicológicos sofridos pelo Narrador, um bom diretor conduzindo uma história diferente de tudo que já foi visto no cinema(adaptada do livro escrito por Chuck Palaniuk), um ótimo elenco ( que ainda inclui Helena Bonham Carter, Meat Loaf e Jared Leto) e sua filosofia de que estamos todos dormindo precisando de um golpe para acordar e perceber que nossas vidas podem ser muito mais do que enriquecer executivos e comprar coisas que não precisamos.

3 comentários:

  1. Alguém tinha recomendado, eu comecei a assistir, mas não consegui terminar. Odeio filme onde as pessoas machucam os outros. Simplesmente não aguentei ver até o fim! Começou a pancadaria eu apertei o stop.

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  2. Entendo seu ponto de vista e como eu disse no post por muito tempo não quis ver o filme.Entretanto ao ver me encantei com seu tom crítico e anárquico. Acredito que seja um filme com uma boa mensagem, apesar de violento, coisa rara em uma época em que a criatividade está se esvaindo.Obrigado pelo comentário.

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  3. Pra mim é uma honra ler suas palavras brotha. Descobrimos essa obra magnífica juntos...quanto a nudez vou ver o que posso fazer a respeito rsrsrsrsrs.

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