Mesmo se consagrando junto ao público e à crítica especializada nunca consegui apreciar o filme "2 Filhos de Francisco" do diretor Breno Silveira devido à sua pieguice. Somando a isso o fato de eu não ser fã do cantor Roberto Carlos (apesar de reconhecer sua qualidade e importância) era normal que eu desconfiasse da qualidade de uma obra cinematográfica assinada por Silveira e que além de contar com as músicas do "Rei" ainda se inspira nas mesmas. Felizmente, depois de assistir "À Beira do Caminho", posso garantir que minha desconfiança inicial desapareceu totalmente pois trata-se de um dos melhores filmes nacionais dos últimos anos.
A trama conta a história de João ( o excelente João Miguel ) , um solitário e amargo caminhoneiro que, atormentado por erros do passado, vaga pelas estradas do Nordeste e evita ao máximo possível interagir com outras pessoas. A vida de João começa a mudar quando um pneu de seu caminhão e ao estacionar para trocá-lo, percebe a presença de alguém na caçamba de seu veículo para seu espanto ele encontra um garotinho chamado Duda ( Vinícius Nascimento).
Sozinho após a morte de sua mãe Duda pretende, munido apenas de uma foto e um endereço, encontrar o pai que nunca conheceu e que segundo informações reside na cidade de São Paulo. Devido à uma série de coincidências ( ou seria o destino? ) João resolve ajudar o garoto em sua busca e ao longo da jornada a indiferença do caminhoneiro se transforma em afeto.
Um dos pontos fortes do filme é o roteiro, escrito por Patrícia Andrade, que desenvolve bem os personagens e sem criar situações forçadas. Com um bom elenco à disposição (que também conta com Ângelo Antônio, Dira Paes e Ludmila Rosa) Silveira utiliza bem os recursos visuais e sonoros e cria belos momentos como a chegada dos protagonistas a uma lagoa que simboliza novos rumos da trama. Com um enredo simples e bem executado "À Beira do Caminho" mostra a história de um homem que se redime dos erros do passado ao abrir o coração quando sua vida sofre a interferência de uma criança e por isso cativa o público pois é, acima de tudo, uma história sobre a valorização do ser humano.
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