sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Drive


        Nos dois primeiros filmes da série "Homem-Aranha" dirigidos por Sam Raimi, o protagonista Peter Parker interpretado pelo ator Tobey Maguire dá mostras do que é ser um herói de verdade, ou seja, aquele que abdica de sua felicidade para proteger quem ama e se arrisca para proteger inocentes. No filme "Drive" (idem, 2011) o personagem sem nome interpretado por Ryan Gosling (gosto de chamá-lo de Driver Scorpion devido a sua jaqueta sensacional) age da mesma maneira e nesse caso seu diferencial é não ter nenhum superpoder e ser como bem define a música tema do filme "A Real Hero" um verdadeiro ser humano e um herói de verdade.
     Driver Scorpion tem uma relação quase simbiótica com os automóveis ( trabalha em uma oficina, é dublê de filmes e dirige em fugas de bandidos) e isso o torna uma pessoa fria e distante até que  conhece a vizinha Irene (Carey Mulligan) e seu filho Benicio (Kaden Leos). O problema é que Standard (Oscar Isaac), o marido de Irene, recém saido da cadeia está envolvido com bandidos que lhe deram proteção e exigem um último serviço que consiste em roubar uma maleta contendo 1 milhão de dólares. No intuito de proteger a mulher que ama e seu filho de possíveis represálias Driver Scorpion resolve ajudar Standard mas se envolve em uma intrincada trama criminal quando a ação sai de controle e falha de maneira desastrosa. Tal trama, encabeçada por Nino (Ron Perlman) e Bernie Rose (Albert Brooks), tenciona eliminar os envolvidos no roubo para que não hajam "fios soltos".
     O desempenho de todo o elenco é ótimo mas Gosling se destaca com uma atuação contida criando um personagem de poucas falas mas de ações contundentes. Os enquadramentos nas expressões do ator mostram os sentimentos de um personagem que mata para não morrer e cresce durante a projeção devido ao realismo que a história vai ganhando.
     Com um roteiro bem escrito e uma direção segura de Nicolas Winding Refn, Drive combina elementos dramáticos com excelentes cenas de ação ( a perseguição depois do roubo, a luta no quarto do motel e o brutal assassinato no elevador) o resultado é um filme diferente dos blockbusters americanos pois tem  "alma" ao utilizar elementos básicos de histórias de  heroismo. O filme diverte mas também emociona ao mostrar os sacrifícios que um herói de verdade faz para proteger aqueles que ama e que ao final paga um  preço alto, preços este que podemos considerar deveras injusto.

domingo, 8 de janeiro de 2012

American Horror Story


     Nos últimos anos a TV norte-americana vem dando mostras de que é capaz de criar um entretenimento mais inteligente e criativo que o cinema. Com as salas de cinema estão abarrotadas de filmes repetitivos e sem criatividade, séries como Mad Men, The Walking Dead e The Killing, somente para citar alguns exemplos, cativam o público com histórias inteligentes e bem desenvolvidas. A este seleto e  crescente grupo juntou-se no ano de 2011 a excelente American Horror Story, série de terror que aborda de maneira diferente um tema já desgastado pelo gênero: uma casa mal assombrada.
     Criada por Ryan Murphy e Brad Falchuk, os criadores de Nip/Tuck, American Horror Story conta nos 12 episódios de sua 1ª temporada a história da família Harmon que se muda para Los Angeles tentando recomeçar a vida depois que a esposa Vivien (Connie Britton) descobre a infidelidade de seu marido Ben ( Dylan McDermott) e junto com a filha Violet (Taissa Farmiga) o casal logo descobre que estranhos acontecimentos ocorreram na sua nova casa e começam a lidar com os mais inusitados, inoportunos e estranhos visitantes entre eles as vizinhas Addie (Jamie Brewer) e Constance (Jessica Lange), um homem deformado por queimaduras chamado Larry (Denis O'Hare) e a enigmática empregada Moira (interpretada pelas atrizes Alex Breckenridge e Frances Conroy).
     Desde a primeira vez que vi o poster de divulgação da série me interessei pois percebi o potencial da série na bizarra imagem que ilustra este post e depois de ver o episódio piloto tive certeza de que American Horror Story seria uma das melhores séries de 2011 pois era eficiente na criação do clima sombrio e caprichava nos sustos. Paralelamente a isso, a cada episódio a degradação da família Harmon e os muitos mistérios que surgiam  - o homem com roupa de borracha, a empregada que aparecia sexy e jovem para os homens mas velha e cega para as mulheres,etc. - formaram um painel que deu à série uma consistência que gerou  momentos inesquecíveis como a horrível descoberta feita por Violet.
     O mais bacana da primeira temporada foi juntar aos poucos as pistas que eram lançadas para a elucidação dos enigmas sobre o que ocorria naquela soturna residência, que serviu de cenário para mortes trágicas e morada para espíritos errantes, e a grande diferença foi a abordagem pessimista com que os fantasmas foram tratados pois se em filmes ou séries de terror o que se vê é que eles devem ser exorcizados para conseguirem a expiação em American Horror Story eles devem conviver com o fato de que estão mortos e aceitar sua condição talvez até a eternidade o que dá aos personagens um estofo mais dramático ao descobrirem sua condição de párias do mundo espiritual .
     Com a habitual competência para criar situações incomodas e roteiros bem desenvolvidos (claro nem todos os episódios foram excelentes e no final faltou um pouco de emoção) Ryan Murphy e Brad Falchuk criaram a série que foi o grande sucesso do canal FX e com a segunda temporada garantida, Murphy já declarou que o arco dos Harmon está encerrado e que posteriormente a série passará por mudanças que incluem um novo cenário e um elenco diferente. Acredito que essas mudanças irão garantir a renovação do interesse dos espectadores e impedir que a série se torne algo monótono, repetitivo e enfadonho com o passar do tempo.