domingo, 19 de junho de 2011

X-Men-Primeira Classe


     O quadrinista Stan Lee tem em seu currículo a criação de alguns dos maiores ícones das histórias em quadrinhos da segunda metade do século XX. Homem-Aranha e Hulk são apenas alguns dos personagens criados por esse visionário que sempre tentou dar aos seus personagens características que os aproximassem das pessoas comuns. A busca de Lee por um estofo realista às suas histórias culminou no ano de 1963 com a criação de uma HQ chamada X-Men em que mutantes desprezados pela sociedade lutavam por aceitação. O que tornava X-Men mais interessante era seu subtexto, ou seja, uma metáfora da luta dos negros pelos direitos civis e para tal a história utilizava personagens emblemáticos para simbolizar ativistas da época: enquanto Charles Xavier, representando o moderado Martin Luther King, almejava a igualdade entre humanos e portadores do gene X, seu amigo Eric Lehnsher também conhecido como Magneto, representando o radical Malcolm X, buscava a supremacia da raça mutante. 
     No ano 2000 o cineasta Brian Synger concebeu o filme X-Men que, mesmo mostrando pessoas com super-poderes, conseguiu dar um tom realista ao debate sobre preconceito. O sucesso do filme gerou 2 sequências ( eu ignoro o filme horroroso de Wolverine) que mostravam os embates ideológicos de Xavier e Lehnsher e agora em 2011 um prequel revela como os dois se conheceram e mostra porque, mesmo em lados opostos, eles  mantem uma relação de respeito e afeto, trata-se do excelente X-Men-Primeira Classe (X-Men- First Class) dirigido por Mathew Vaughn. O início do filme se passa em 1944 e mostra o sofrimento de Erik em um campo de concentração na Polônia (o que inclui o assassinato de sua mãe) enquanto Charles vive em uma confortável mansão em New York e conhece a metamorfa Raven. Já nos anos 60 o télepata Xavier ( James McAvoy) é um professor de genética que é chamado pelo governo americano para auxiliar na captura do terrorista mutante Sebastian Shaw ( Kevin Bacon)  e  Lehnsher (Michael Fassbender) , que tem o poder de controlar o metal, viaja o mundo à caça de nazistas para concretizar sua vingança. Quando os caminhos de Erik e Charles se cruzam caberá aos dois liderarem a equipe de mutantes que deve impedir que Shaw e sua equipe  destruam o mundo.  
     Mesmo que a trama seja simples o roteiro a desenvolve de maneira soberba pois contextualiza a história dos mutantes com a Crise dos Mísseis em Cuba, explora as motivações dos protagonistas, possui questionamentos existenciais ( sobretudo no arco de Raven, a Mística e Hank Mckoy, o Fera) e utiliza os mutantes recrutados por Xavier e Magneto para criar uma interessante discussão sobre a passagem para a vida adulta quando eles devem aprender a lidar com seus poderes e assumir responsabilidades. Todo o elenco é competente e tanto as cenas de ação quanto os efeitos especiais são fluentes com a história, com destaque para a cena em que Magneto levanta um submarino e a batalha final.
     Uma das coisas mais legais é descobrir a origem dos personagens e observar os protagonistas de uma perspectiva diferente daquela apresentada nos filmes anteriores. Além disso estão no filme elementos essenciais como o Cerébro, o jato e mansão onde Xavier recolhe seus alunos e os ensina a conviver com seus poderes e a controla-los. Sem dúvida Primeira Classe é um dos melhores filmes do ano pois diverte e também nos faz pensar já que está na inteligência de seu roteiro seu maior mérito.Imperdível.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Se beber, não faça sequências!


     Sabe quando você ouve uma piada e acha extremamente engraçada? Algum tempo depois você escuta novamente a piada e até acha engraçada mas percebe que a sensação é diferente daquela que você sentiu ao ouvir a anedota pela primeira vez, pois foi exatamente isso que senti vendo um dos filmes mais esperados desse ano, Se Beber, Não Case! Parte II.
     No primeiro filme, lançado em 2009, os atrativos eram: o inusitado humor politicamente incorreto e os personagens carismáticos (sobretudo Alan, interpretado por Zach Galifianakis) contando a história de um grupo de amigos que depois de uma noite de farra, para celebrar uma despedida de solteiro, em Las Vegas acordam em meio a um caos no quarto do hotel - com direito a um tigre no banheiro e um bebê-  sem qualquer lembrança do que aconteceu e ainda por cima não fazem idéia do paradeiro do noivo, usando algo comum, nesse caso uma ressaca, o filme é genial e o riso  flui diante das situações hilárias vividas pelo "bando de lobos" em busca do companheiro perdido.
     Na Parte II a premissa é a mesma só que dessa vez quem está prestes a se casar, em um resort na Tailândia, é o dentista Stu (Ed Helms). Emular a estrutura da obra original não seria um problema se o roteiro explorasse outras possibilidades mas infelizmente tudo é uma cópia exagerada, e as vezes de mau gosto, do primeiro filme. Alan, Stu e Phil ( Bradley Cooper) acordam em um hotel barato em Bangcoc e em buscas de respostas na capital tailandesa cruzam com Chow ( o bandido chinês do primeiro filme interpretado por Ken Jeong), monges, travestis e bandidos só que dessa vez a criatividade e a imprevisibilidade dão lugar ao tédio e a falta de graça das piadas e em diversas passagens o filme fica com um tom violento.
     Decepção é a palavra que pode definir o que senti vendo o filme porque depois de "Se Beber, Não Case!" e "Um Parto de Viagem" (Duo Date, 2010) eu esperava que o diretor Todd Philips brindasse o público com mais uma obra-prima do humor masculino adulto mas infelizmente as boas piadas são poucas e não são suficientes para salvar o filme. O mais engraçado disso tudo é que mesmo com as "qualidades" que citei acima o filme é um sucesso e já se começa a pensar na terceira parte. Só bebendo pra  dar risada...