Em uma época em que a criatividade se tornou artigo de luxo em Hollywood fazendo com que reboots, adaptações de quadrinhos, remakes e sequências tardias de sucessos oitentistas saturem o mercado é louvável que uma obra, nesse caso o quarto filme de uma série , consiga dialogar com a geração de adolescentes da nova década sem perder os elementos que consagraram seus antecessores na segunda metade da década dos anos 90 e esse é o caso do filme Pânico 4 (Scream 4, 2011). Dirigido por Wes Craven e com roteiro de Kevin Willianson o primeiro filme, de 1996, foi um sopro de vida para um gênero que estava desgastado e gerou-além de continuações- várias imitações e até uma boa paródia chamada Todo Mundo em Pânico (Scary Movie, 2000).
Notória por sua metalinguagem que brinca com os clichês do gênero de terror ( criticar um personagem que corre escada acima ao invés de sair pela porta da frente e minutos depois fazer o mesmo, somente para citar um exemplo) e uma competente construção do suspense a série Pânico fez sucesso por ser uma alternativa permeada de originalidade e citações pop.
No quarto filme Sydney Precott (Neve Campbell) volta para Woodsboro para encerrar a turnê de divulgação de seu livro de auto-ajuda e reencontra os amigos-agora casados- Dewey (David Arquette) e Gale ( Courtney Cox). Para o azar da bela heroína Ghostface também está de volta para celebrar o aniversário do massacre ocorrido no primeiro filme e com o início de um novo morticínio de adolescentes (as cenas iniciais são fantásticas) Sydney novamente se vê ameaçada e recebe dos jovens da pequena cidade a alcunha de Anjo da Morte.
O roteiro, além de homenagear os filmes anteriores e utilizar as já citadas referências à cultura pop ( sim, eles tem cacife pra dizer que Jogos Mortais é ruim) , possuí piadas excelentes que fluem em diálogos bem escritos e equilibra isso com as cenas de terror bem executadas por Wes Craven. O elenco todo está bem mas é claro que o elenco original se sobressai e os novos atores não demonstram as qualidades necessárias para segurar um filme sozinhos-ou iniciar uma nova trilogia como dizem alguns rumores- mas isso não compromete o resultado final.
Enfim Pânico 4 introduz a franquia no século XXI e para isso nada mais normal que inserir na história elementos tecnológicos indispensáveis para os jovens de hoje e que estão em forte sintonia com as motivações do assassino(?). Desde já um dos melhores e mais divertidos filmes do ano por assustar o espectador e saber conscientemente rir de si mesmo.